quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Tristeza e melancolia.

Há um ponto de ônibus perto de casa que me parece ser mágico. Sábado a noite estava indo pra festa de aniversário do Daniel Toco quando começou a cair maior temporal. Me abriguei nesse tal ponto. Fingi estar esperando um ônibus enquanto esperava a chuva passar. Uma senhora de meia-idade se aproximou. A chuva apertou. E a tal senhora me ofereceu um guarda-chuva que ela tinha a mais consigo enquanto esperava uma outra pessoa. Não sei se eu ofereceria o guarda-chuva se nossos papéis se invertessem. Devolvi-o a senhora quando a chuva passou e fiz algo que é bem difícil pra mim: agradecer.

A festa foi legal. Mas era sábado a noite, dia de tristeza e melancolia.


Domingo, 2 de outubro de 2011.

Era dia de jogo do Tricolor Paulista. Estréia de Luis Fabiano. Todos os ingressos vendidos antecipadamente. Era dia de ir ao Morumbi. Sozinho.

Perdi o ônibus que iria pegar pra ir até a estação. E por algum motivo decidi ir a pé até o ponto na frente. Se eu fosse correndo pegaria o mesmo ônibus perdido parado no farol. Mas nem corri. Porquê eu não sei. Parei no segundo ponto (exatamente o mesmo ponto da noite anterior). Lá estavam duas moças de meia-idade com camisas do São Paulo e foi exatamente por isso que decidi parar no tal ponto mágico ao invés de ir a pé.

Estava me exorcizando ao som do Angra. Tentando me livrar da tristeza e da melancolia acumulada durante essa semana e ápiceada no sábado a noite como sempre.

As duas moças perguntaram se eu também ia ao jogo. (Provavelmente perguntaram isso por eu também estar com a camisa do São Paulo). Respondi que sim e elas me questionaram se eu não queria ir com elas, de carona, de carro. Já que estava em um daqueles momentos da vida que parece que não temos nada a perder, aceitei. Fiz algo que não costumo fazer: ligar o foda-se.

Não sabia o nome delas e nem elas o meu. A carona delas havia chegado e eu entrei em um carro desconhecido com pessoas desconhecidas dirigido por um cara desconhecido. A única coisa que sabia era que provavelmente eles eram nordestinos. O sotaque entregou.

Estranho foi eles confiarem tanto em um estranho e eu neles assim de primeira. A única coisa que nos ligava era o time do coração. E mesmo assim com ressalvas, já que uma das moças era flamenguista, apesar da camisa tricolor. Mas estranho mesmo são as pessoas que discriminam os nordestinos sem motivo prévio. Esses sim são idiotas. Já achava isso antes, mas a partir dessa aventura passei a ter certeza.

Já que sou tímido fiquei na minha observando a conversa deles. Me senti naqueles filmes americanos que os personagens pegam caronas com os caipiras na traseira de algum caminhão. Muito legal, sério.

Na ida, chuva.

Quanto ao jogo em si, não há muito o que comentar. Perdemos. 2 a 1 para o Flamengo.

Mas o jogo não era o mais importante para mim naquele dia. Legal era a experiência, a aventura. A chuva talvez. Em alguns momentos eles não sabiam colocar a câmera deles para filmar e eu os ajudava nisso.

Na volta, chuva. Mas eu estava no carro. Estava observando a tudo com um sorriso discreto no rosto. Aproveitando o momento de cumplicidade próximo a pessoas completamente desconhecidas.

Um pouco antes de tudo acabar uma das moças disse para eu visitá-la quando houvesse algum jogo importante na loja em que ela trabalha, a Gema. Mas peraí... eu já comprei coisas nessa loja, minha vó tem conta nessa loja. Droga, lembrei quem era aquela moça. Mas isso não acabaria com a magia daquela situação. Claro que não.

Fui embora pra casa em meio a chuva torrencial. Eu e a coisa que mais amo nesse mundo.

Eu e a garoa noturna.


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