quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Palhaços Carentes.

Há momentos na vida em que nos vemos fazendo algo que nos trará muito orgulho depois. Há momentos na vida em que apenas devemos observar. Há momentos na vida que são simplesmente inesquecíveis.

Sábado, 6 de agosto de 2011.

De repente estava me vendo ao lado de mais quatro pessoas distribuindo abraços pelo centro de São Caetano. Estávamos todos vestidos de palhaços, com maquiagens em nossos rostos e roupas coloridas. Mas o que eu estava fazendo ali, no alto de minha timidez, tentando me aproximar de estranhos na rua?

A ideia surgiu a partir de uma inquietação da Luiza sobre nossos tempos modernos. Tempos em que as pessoas se distanciam cada vez mais umas das outras no dia-a-dia.
A intenção era sairmos vestidos de palhaços na rua distribuindo abraços grátis. Uma ideia bem ousada. Do que jeito que eu gosto. Aceitei na hora.

Ah, Luiza... Já a conhecia há mais de um ano por causa do teatro alcinense. Mas a conheci de novo de julho pra cá. A re-conheci, de fato. Engraçado como as coisas acontecem. A bela e talentosa Luiza agora me mostrara seu lado sensível e sonhador.

Juntaram-se ao grupo dos Palhaços Carentes (sim, esse é o nome por enquanto):
Lucas, o fiel escudeiro de Luiza; Isabela, a irmã de Luiza; e Lola, a simpática garota que está sempre de sorriso aberto. (Lola na verdade se chama Luana, mas é melhor eu a chamar de Lola mesmo, já que ela não seria a única Luana desse blog). Lola que se torna cada dia mais presente em minha vida.


Antes de iniciarmos nossa tarefa, encontramos uma tia empresária que quis saber sobre o nosso “trabalho” e nos ofereceu uma oportunidade de vincularmos nosso projeto à sua empresa. Aceitamos com cautela. Veremos se dará certo e se valerá a pena ainda. Mas se valer, foi bem destino a encontrarmos pelo caminho em nosso primeiro dia.

O que eu posso falar dos abraços? Posso falar que morri de vergonha no começo. Minha vontade era fugir. Mas jamais faria isso, jamais abandonaria meus colegas dessa forma. Continuaria mesmo se não estivesse nem um pouco relaxado. E não estava nem um pouco, confesso.

Mas são nessas horas que devemos apenas observar. São nessas horas que percebemos o que é a vida e qual o sentido dela. São nessas horas que devemos admirar uma certa estrela alheia brilhar.
Luiza tomou a dianteira, parou as pessoas na rua e cobrou os abraços, deu a cara pra bater mesmo, foi ignorada muitas vezes. E isso foi demais! Não o fato de ela ter sido ignorada, mas sim dela ter seguido em frente batendo seu coração contra vários muros.
Apenas observei. Apenas admirei. E só assim, quase ao fim de tudo, me motivei.
A partir de então pude fazer o mesmo: ser ignorado, receber elogios, ser ignorado,
receber carinho. Tudo ao mesmo tempo. Demais!

Lembro de uma menininha que vendia balas que nos parou e perguntou o porquê de estarmos fazendo aquilo. E pra ser sincero, eu é que queria saber o porquê dela estar ali naquela situação. Queria saber o porquê dela e de outras crianças estarem trabalhando com aquela idade. Bem, infelizmente eu sabia a resposta. Só não sei se tudo isso mudará algum dia.

Lembro também de termos abraçado uma senhora que pedias esmolas no chão expondo suas feridas físicas. Foi um dos momentos mais gratificantes do dia. Foi um dos "obrigado" mais sinceros que ouvimos.

Teve momentos engraçados também. O maior mico meu foi tentar abraçar um catador de latinhas e ele sair correndo de medo. Correndo mesmo, sem metáforas.

Posso dizer que as pessoas que mais se identificaram conosco foram as crianças e os mais idosos. Curioso. As pessoas mais próximas das extremidades da vida humana eram aquelas que mais estavam dispostas a receber nossos abraços. O motivo exato eu não sei. Mas posso imaginar. Crianças e idosos devem saber valorizar muito mais as pequenas coisas da vida do que os adultos que atuam como reféns na dinâmica dos dias atuais.

Quase no final, ainda participamos da gravação de um vídeo para um concurso cultural de uns conhecidos nossos que encontramos na Estação Jovem.

Depois disso já estava exausto. Não tinha idéia de quão orgulhoso ficaria de mim mesmo e de meus amigos por causa daquele dia. Sabia que a ficha ia cair só depois. E creio que ela caiu agora, enquanto termino esse texto.

Ao final de nossa jornada fomos comer no McDonald's. Não que eu simpatize muito com o lugar, mas isso é outra história.

Só sei que estava muito feliz por estar vivenciando tudo aquilo e por ter pessoas tão especiais ao meu lado. Mas é claro que eu quero mais. Claro que queremos mais.

O céu é o limite, não é mesmo?


Pois há momentos na vida que são simplesmente inesquecíveis.

http://palhacoscarentes2011.blogspot.com/

Um comentário:

  1. Esperei o momento certo para realizar a leitura desta experiência... para ler com a "alma"... intercalando lágrimas e um sorriso de felicidade... agradecendo a DEUS por ser " a tia " e fazer parte desta "história"... Uma sementinha do bem que já está germinando para FAZER ESTA IDÉIA ACONTECER!!

    É um prazer estar AO LADO de JOVENS EMPREENDEDORES, PROTAGONISTAS de uma HISTÓRIA DE SUCESSO!! Seus pais merecem !!

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