domingo, 17 de abril de 2011

Réquiem.

Quinta-feira, 31 de março de 2011.

No dia anterior, uma pseudo-aventura. Nesse dia, quase uma epopéia. Por algum motivo desconhecido, estava com uma angústia sem explicação. Em certos momentos, minha respiração estava ofegante e meu coração disparado. E tudo sem motivo racional, ao que parecia. Talvez fosse um acúmulo de estresse de toda a semana até ali, ou talvez não.
Fato é que, enquanto o pessoal da faculdade jogava basquete na quadra, eu resolvi ler um livro perto dali. O basquete terminou e a Luana foi ao barzinho com uns colegas. Nada de errado se ela não tivesse me falado, na noite anterior, que tinha tido alguns problemas e por isso estava triste. Nada de errado com o pessoal que foi com ela, Deco e André são gente de bem. Mas a Luana namora, estava nitidamente mal (mesmo que ela tente disfarçar isso aos demais, a mim ela não consegue, não mais) e o álcool a deixa vulnerável. Não queria que ela fizesse algo do qual se arrependesse depois. Mas o que eu poderia fazer? Nada (já que não fui convidado a ir também). Talvez, em uma última tentativa desesperada, mandei uma sms para ela dizendo que estava com uma angústia não muito legal (o que, de fato, era bem verdade). Mas não adiantou muita coisa àquela altura. Em um golpe de sorte, Marcus a viu e perguntou aonde iam os três. Depois de ouvir a resposta, ele se ofereceu a ir também junto com o Guilherme. O que era tão difícil pra eu fazer foi feito por outros tão facilmente. De qualquer forma, eu não iria mesmo assim. Mas aí algum passarinho me disse que só eu poderia ajudar (alegrar, vigiar, cuidar?) a Luana naquele momento triste. Mas como levar a sério um passarinho? Estamos na vida real, precisamos de motivos racionais pra tomar certas atitudes. Mas eu encontrei uma desculpa racional para ir: o que eu tinha a perder? Nada. Então decidi ir com eles. No caminho, encontramos o Jonas e fomos todos felizes e saltitantes até lá (eu não tão feliz assim como era de se esperar).
Ao chegar lá, tudo indo bem. Talvez minha preocupação e a do tal passarinho fossem só abobrinha da minha cabeça. O problema era que a Luana começou a beber um pouco além da conta e alternava isso com momentos de olhar fundo e devaneios para um horizonte muito distante dali. Era minha obrigação impedi-la de se afundar em seus próprios pensamentos.

Por que fazer isso? Há diversas teorias a respeito. Desde gostar muito dela até fazer isso apenas porque dizem pra eu não fazer. Eu, particularmente, acho que é uma mistura de tudo isso e muito mais. Nossa história se iniciou na estrada da amizade e se acidentou em alguma curva entre o amor e a obsessão.

Voltando ao dia 31, a cada fuga da vida real que ela dava ao olhar para um horizonte de pensamentos, eu tacava minhas chaves nela (nada muito confortável, mas era a única coisa que me veio à cabeça nessa hora). Com certeza, as pessoas que estavam ao nosso redor não entenderam nada. Mas eu não ligo (ou talvez eu pense que não ligo).
Mas eu estava mal também. E o álcool me pareceu tentador naquele momento. Era uma maneira de justificar meus atos de ‘proteção’ a Luana (ok, eu devo ligar para o que as pessoas pensam) e de, também, ‘escapar’ de meus próprios problemas. Ou talvez fosse só uma maneira de atingir um estágio de pensamento próximo ao da Luana naquele momento. Tudo isso me fez sentir como Orfeo, que na mitologia grega, desceu até o Mundo dos Mortos, com sua lira, para salvar sua amada Euridice.
No final das contas, deu tudo certo. Nada de errado aconteceu. Talvez nada de errado tivesse acontecido se eu não tivesse feito "tudo" isso. Mas eu não queria me omitir (como já havia feito outras vezes).

Nenhum comentário:

Postar um comentário