quarta-feira, 13 de abril de 2011

E quando eu mais preciso..

Todo mundo que ouve música tem um artista favorito. Cada um por seus motivos próprios. Há pessoas que ouvem bandas e artistas desconhecidos só pra ter a boa sensação estranha de ter uma banda só pra si. O meu músico favorito (hoje) não é um exímio cantor, não é um exímio instrumentista e suas composições possuem diversos erros. Mesmo assim, ele é o cara mais foda do mundo. Mas é para mim. Com certeza, não é para a pessoa que está lendo esse texto agora. A melhor banda do mundo é, portanto, algo bem relativo. Geralmente as pessoas se identificam com uma música porque tal canção faz a pessoa lembrar alguma coisa de sua vida. As canções de Humberto Gessinger, líder dos Engenheiros do Hawaii, causam esse efeito em mim (e pra ser sincero, eu não gostava da banda antes). As letras falam sobre questões existenciais, paixões platônicas, política. Letras bem niilistas, é verdade. Mas quem disse que a tristeza e o caos não podem ser belos e agradáveis?

Quarta-feira, 30 de março de 2011.

Nesse dia haveria um pocket show com o Humberto Gessinger no Shopping Market Place lá pros lados do Morumbi. Longe pra caralho. Mas eu tinha de conhecer esse cara. O cara que me alivia, de três em três minutos, de meus demônios e incertezas. Funciona bem até que eu enjoe das músicas. Como seria esse cara? Engraçado? Sarcástico? Normal? Poxa, não sou uma groupie, mas tinha de ver com meus próprios olhos alguém tão niilista quanto eu.
Algumas pessoas muito queridas iam comigo nessa aventura. Todas elas tiveram imprevistos e eu tive de ir só.
Não completamente só, pois ainda tinha um celular com créditos pra mandar sms’s narrando minhas impressões conforme iam acontecendo para alguém. Sabe se lá porque eu escolhi a Luana pra isso. Talvez fosse mais uma de minhas tentativas utópicas e sem retorno de fazê-la enxergar o mundo de forma diferente, de tratá-la de uma forma diferente, como nunca foi tratada. As mensagens foram as seguintes:

1 – Aprendi a fazer baldeação de Trólebus! risos.

2 – Os trólebus daqui funcionam diferente. (haha, me sinto uma criança observando tudo).

3 – Uma loja de moda japonesa, uma menina correndo pra não perder o ônibus, meu cabelo desarrumado pelo vento, uma exposição de dinossauros da Patagônia e o início de minha procura por um quilo de alimento em meio a um shopping lotado. beijos.

4 – Solucionados os problemas, um menininho fantasiado de super-man, um cara com a camisa do fluminense lendo um livro de jornalismo, uma galera de 50 pessoas sentadas num chão entapetado de uma livraria de luxo e 30 min pra começarem a distribuírem os ingressos. nonsense.

As mensagens são auto-explicativas por si só. Não mandei mais por não saber se estava incomodando-a com minhas chatices. Faltou falar da minha recaída ao comer um Big Mac no Mc Donald’s (odeio o capitalismo), da minha descoberta de que as Lojas Americanas também fazem lanches e de que eu entrei na loja só pra pegar uma amostra grátis de um chocolate de rico. Foram horas esperando o pocket show começar. Havia uma menina interessante na minha frente na fila, trocamos alguns olhares tímidos, mas ficou só nisso mesmo.
Mas vamos ao que interessa: a hora do ver o 1berto ao vivo e a cores (felizmente posso acelerar o tempo aqui no meu blog porque, no dia, demorou bem mais). Humberto tocou 10 músicas. Músicas não muito óbvias da banda. Me senti bem porque descobri que não sou tão alienado assim. O pessoal de lá sabia de cor todas as letras e muitos faltaram no trabalho para estar ali. Boa sensação estranha. Queria muito que ele tocasse Dom Quixote, música na qual me identifico muito. E ele tocou. E eu esbocei um choro.
O pocket show foi avançando quando ocorreu um fato inesperado: Humberto iniciou a música Segunda-feira Blues. Por algum motivo desconhecido, desatei a chorar. E chorei mesmo, sério. A falta de luz do local talvez tivesse me motivado a isso, já que ninguém poderia me ver. Mas com certeza, esse choro foi só uma conseqüência de todas as angústias acumuladas até ali.
Fim do pocket show, início da fila para pegar autógrafos com o ídolo. Demorou mais de hora. A partida de ida do São Paulo contra o Santa Cruz pela Copa do Brasil já havia começado. Mas nada que me impedisse de mandar uma última mensagem para minha companheira de sonhos (que, ironicamente, ignorou minha data de aniversário 4 dias antes):

5 – Rondinely está choroso essa semana, pqp.





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