terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Me sinto um estrangeiro, passageiro de algum trem que não passa por aqui.

Gostaria de falar hoje sobre minha paixão por transporte público. Não, é isso mesmo que você acabou de ler, eu gosto.
Gosto de ver as pessoas sofrendo para irem trabalhar, sendo literalmente esmagadas dentro dos ônibus, sendo tratadas como gado. Idem por gostar de ver pedintes e vendedores de balas nesses espaços.
Gosto também do caos no trânsito, de ficar inerte com velocidade zero frente aos imensos congestionamentos das avenidas.
Mas todo esse sado-masoquismo tem uma explicação.
Me sinto um privilegiado, de fato, por estar estudando em uma universidade federal. Sinto-me como um agente de mudanças. Poxa vida, quase (se não todos) ali no ônibus estão indo trabalhar duro para sustentar suas famílias e anseios. E eu recebendo investimentos do governo para apenas estudar.
Pegar ônibus pra mim é como se fosse um tapa diário na minha cara pra me fazer lembrar de que eu prometi a mim mesmo que lutaria para mudar algo nesse país.
Sei que se mais pessoas deixassem de andar de carro, pra utilizar o transporte público, o caos no trânsito diminuiria e a questão ambiental também agradeceria.
Eu devo ser louco ou coisa do tipo. Ou talvez eu seja apenas um jovem rebelde. (com causa?)
Mas sei que essa raiva contra a máquina irá passar, que um dia ficarei velho. Terei meu carro, minha esposa e reclamarei de tudo inerte em meu sofá como milhões de outros brasileiros.

Mas por enquanto prefiro me inspirar em grandes hérois terrestres como Gandhi, Luther King e Che.
O resto deixo por conta daquilo que chamamos de tempo...

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