domingo, 7 de outubro de 2012

Édipo-rei?

Há muito tempo adio escrever esse texto, sem saber exatamente o porquê. Talvez pelo medo de me envolver demais e chegar a alguma conclusão inesperada ao final dele.

Esse é um texto sobre meus dias na Fundação das Artes até hoje, por enquanto.
Um texto sobre o tanto de vezes que eu vivi cada dia como se fosse o último tendo a certeza de que ele era o último dia realmente.

Tudo começou oficialmente num dia 6 de fevereiro de 2012. Havia pago algumas mensalidades do curso e minha aulas da faculdade ainda não haviam começado (foram começar só no dia 23 de fevereiro, quando minha bolsa lá foi aprovada). Esse lance do dinheiro já gasto até foi motivo de repetidas piadas no começo do curso, algo que me fez parecer avarento, algo assim.
Lembro que a primeira aula foi uma de voz com o professor Dressler. Mesmo sendo primeiro dia, eu já havia feito amizade com a Mayara (complexo definir amizade, mas vou usar essa palavra mesmo). Lembro de ter me apresentado como são-paulino (eu estava com uma camisa do São Paulo) e de ter provocado alguns risos logo de cara. Pra um primeiro dia estava ótimo!
Na terça, quarta e quinta-feira seguintes eu decidi não ir à aula. Eu havia me inscrito para um curso relâmpago de fotografia de duas semanas e na quarta eu havia ido ver uma palestra sobre bicicletas na cidade. Na sexta eu fui. Tudo já estava diferente, todo mundo já estava enturmado e discutindo um tal de Galope.
Como eu já havia colocado na cabeça que minha presença ali naquele curso seria temporária, apenas observava e fazia piada sobre o nervosismo das pessoas. Nesse dia, me interessei um pouco pela Thais (minha réplica no teste) por causa de coisas boas que ela havia dito de mim para a Luana, mesmo eu só tendo ido pra aula na segunda.
Era o dia do Galope: uma recepção calorosa dos alunos antigos da Fundação a nós, alunos novos. Foi maravilhoso, portanto. Mesmo assim poderia ser meu último dia.

Havia aula no sábado, mas eu tinha aula de fotografia também. Pelo Facebook, Isabella insistiu pra eu ir na aula de teatro. Minha amiga que ia na aula de fotografia comigo preferiu ir a um churrasco, o que me fez preferir ir à aula de teatro como resposta (resposta a quê?).

Depois do dia 23, minhas aulas na faculdade de Rádio e TV haviam começado, mas sem a mesma recepção calorosa de meus novos colegas que nem nas aulas de teatro.
Mesmo assim eu estava decidido a parar as aulas da Fundação uma hora ou outra, principalmente quando percebi que o curso era bem mais exigente do que eu imaginava.
Me inscrevi no Viva Arte Viva. Me inscrevi também para uma oficina de teatro na USCS. Me inscrevi também para um musical sobre o Jorge Amado que haveria na Metodista.

Quanto ao Viva, cheguei a ir na primeira aula (meu plano era sempre chegar uma hora atrasado nas aulas de sábado do teatro profissionalizante). Mas o professor Warde fez questão de enaltecer - à sua maneira peculiar sarcástica – o meu atraso nesse dia. E depois eu descobri que ele descontava notas por faltas e atrasos.
Mas mesmo evitando me envolver com as pessoas, eu estava me envolvendo e criando afinidades. Na pior das hipóteses todos os dias eram muito divertidos.
Resolvi ir faltando nas aulas do Viva (adiando a decisão final) até que meu limite de três faltas se esgotou, o que caracterizou minha desistência.

Quanto à oficina da USCS, eu cheguei a ir em duas ocasiões. Estava tudo ótimo, pois ali seria meu foco depois de trancar a Fundação. Mas aí eu tive de faltar duas vezes para realizar provas de concursos públicos (as aulas eram aos domingos). Meio que me excluíram da oficina por eu ter atingido o limite de duas faltas seguidas. Paralelamente eu estava gostando ainda mais da Fundação. Resolvi não mostrar meu atestado (por orgulho por já terem me excluído do grupo do Face e pra tirar mais essa possibilidade de dúvida da minha cabeça), o que caracterizou minha desistência dessa oficina da USCS.

E ainda teve o musical da Metodista que começou com um teste engraçado. Engraçado porque eu não havia preparado nada do Jorge Amado e tudo que eu apresentei foi de improviso. E eu me saí muito bem até! As aulas seriam aos sábados.
Paralelamente na Fundação, depois de uma aula de expressão corporal da Melissa que eu havia me comportado corporalmente como se fosse uma despedida (difícil descrever a atmosfera daquela noite), eu estava decidido a parar. Aí recebo um e-mail no dia seguinte dizendo que, por motivos burocráticos (destino?), os ensaios para o musical da Metodista haviam sido adiados temporariamente (no fim das contas, nunca houve esse musical). Então resolvi continuar a Fundação.

Além de tudo, ainda teve as entrevistas de estágio da faculdade que eu fui. Fui reprovado nas duas (provavelmente por ainda estar no primeiro semestre). Caso eu passasse, provavelmente não conseguiria me manter na Fundação.

Teve ainda fatores menores, como quando a Thais machucou o joelho e eu decidi prorrogar minha vida no curso até ela se recuperar pra eu poder me despedir dela pessoalmente. No final das contas ela se recuperou e eu continuei no curso.

Caramba, depois de tantas possibilidades eu ainda estava frequentando as aulas na Fundação!
Quando me perguntavam se eu ia parar, minha resposta já havia mudado para “não sei” ou “vou levar até onde der”. Algumas pessoas me incentivavam a não parar... (não vou citar nomes porque tenho medo de ser injusto e acabar me esquecendo de alguém).

Depois dessa volta toda, minhas notas ficaram muito baixas. Mais uma possibilidade de parar o curso se abria: reprovação.
Mas como as opções extra curso haviam se extinguido (quanto mais opções pior, dizem), eu passei a me dedicar na Fundação. Recuperei as notas, mas não evitei uma prova de recuperação. Mas recuperei e consegui ser aprovado para o P2. Caso eu não conseguisse, eu já havia me inscrito para fazer um Técnico em Publicidade no Alcina.

Engraçado... às vezes tenho a impressão de que é meu destino continuar na Fundação.

No começo do P2, eu quis parar novamente. Duas pessoas importantes que me incentivaram a ficar no curso saíram: Thais e Mayara.
A professora Ana Paula passou a pegar no meu pé durante as primeiras aulas chegando a dizer que eu era um “forte candidato à reprovação”. Entrei em uma crise existencial profissional.
Outras pessoas então surgiram pra me motivar a continuar: Rafael, Marco, Luana, Warllen, Isabella...
Entrei em crise até com a faculdade de Rádio e TV (sim, eu sou um maluco e continuo a fazer as duas coisas. Pior: eu trabalho no período entre as duas coisas). Queria fazer jornalismo.

Quanto ao teatro, não iria parar até chegar o dia da viagem de Bertioga que havíamos ganhado. Essa foi a desculpa que me fez continuar. E o mar de Bertioga me fez voltar ao normal e sair da crise.
Ana Paula deixou de pegar no meu pé e até não me deixou de nota vermelha neste primeiro bimestre.

E aqui estou eu, numa madrugada de 8 de outubro – um dia após o 1º turno das eleições municipais – sem ainda ter trancado o curso. Aliás, nem pretendo fazê-lo, por enquanto.

Que seja eterno enquanto dure.

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