Esse é um texto sobre
meus dias na Fundação das Artes até hoje, por enquanto.
Um texto sobre o tanto
de vezes que eu vivi cada dia como se fosse o último tendo a certeza
de que ele era o último dia realmente.
Tudo começou
oficialmente num dia 6 de fevereiro de 2012. Havia pago algumas
mensalidades do curso e minha aulas da faculdade ainda não haviam
começado (foram começar só no dia 23 de fevereiro, quando minha
bolsa lá foi aprovada). Esse lance do dinheiro já gasto até foi
motivo de repetidas piadas no começo do curso, algo que me fez
parecer avarento, algo assim.
Lembro que a primeira
aula foi uma de voz com o professor Dressler. Mesmo sendo primeiro
dia, eu já havia feito amizade com a Mayara (complexo definir
amizade, mas vou usar essa palavra mesmo). Lembro de ter me
apresentado como são-paulino (eu estava com uma camisa do São
Paulo) e de ter provocado alguns risos logo de cara. Pra um primeiro
dia estava ótimo!
Na terça, quarta e
quinta-feira seguintes eu decidi não ir à aula. Eu havia me inscrito
para um curso relâmpago de fotografia de duas semanas e na quarta eu
havia ido ver uma palestra sobre bicicletas na cidade. Na sexta eu
fui. Tudo já estava diferente, todo mundo já estava enturmado e
discutindo um tal de Galope.
Como eu já havia
colocado na cabeça que minha presença ali naquele curso seria
temporária, apenas observava e fazia piada sobre o nervosismo das
pessoas. Nesse dia, me interessei um pouco pela Thais (minha réplica no
teste) por causa de coisas boas que ela havia dito de mim para a Luana, mesmo eu só tendo ido pra aula na segunda.
Era o dia do Galope: uma recepção calorosa dos alunos antigos da Fundação a nós,
alunos novos. Foi maravilhoso, portanto. Mesmo assim poderia ser meu
último dia.
Havia aula no sábado, mas eu tinha aula de fotografia também. Pelo Facebook, Isabella insistiu pra eu ir na aula de teatro. Minha amiga que ia na aula de fotografia comigo preferiu ir a um churrasco, o que me fez preferir ir à aula de teatro como resposta (resposta a quê?).
Depois do dia 23,
minhas aulas na faculdade de Rádio e TV haviam começado, mas sem a
mesma recepção calorosa de meus novos colegas que nem nas aulas de
teatro.
Mesmo assim eu estava
decidido a parar as aulas da Fundação uma hora ou outra,
principalmente quando percebi que o curso era bem mais exigente do
que eu imaginava.
Me inscrevi no Viva
Arte Viva. Me inscrevi também para uma oficina de teatro na USCS. Me
inscrevi também para um musical sobre o Jorge Amado que haveria na
Metodista.
Quanto ao Viva, cheguei a ir na primeira aula (meu plano era sempre chegar uma hora atrasado nas aulas de sábado do teatro profissionalizante). Mas o professor Warde fez questão de enaltecer - à sua maneira peculiar sarcástica – o meu atraso nesse dia. E depois eu descobri que ele descontava notas por faltas e atrasos.
Mas mesmo evitando me envolver com as pessoas, eu estava me envolvendo e criando afinidades. Na pior das hipóteses todos os dias eram muito divertidos.
Resolvi ir faltando nas aulas do Viva (adiando a decisão final) até que meu limite de três faltas se esgotou, o que caracterizou minha desistência.
Quanto à oficina da
USCS, eu cheguei a ir em duas ocasiões. Estava tudo ótimo, pois ali
seria meu foco depois de trancar a Fundação. Mas aí eu tive de
faltar duas vezes para realizar provas de concursos públicos (as
aulas eram aos domingos). Meio que me excluíram da oficina por eu
ter atingido o limite de duas faltas seguidas. Paralelamente eu
estava gostando ainda mais da Fundação. Resolvi não mostrar meu
atestado (por orgulho por já terem me excluído do grupo do Face e pra tirar mais essa possibilidade de dúvida da minha cabeça), o que caracterizou minha desistência dessa oficina da
USCS.
E ainda teve o musical
da Metodista que começou com um teste engraçado. Engraçado porque
eu não havia preparado nada do Jorge Amado e tudo que eu apresentei
foi de improviso. E eu me saí muito bem até! As aulas seriam aos
sábados.
Paralelamente na
Fundação, depois de uma aula de expressão corporal da Melissa que
eu havia me comportado corporalmente como se fosse uma despedida
(difícil descrever a atmosfera daquela noite), eu estava decidido a
parar. Aí recebo um e-mail no dia seguinte dizendo que, por motivos
burocráticos (destino?), os ensaios para o musical da Metodista
haviam sido adiados temporariamente (no fim das contas, nunca houve
esse musical). Então resolvi continuar a Fundação.
Além de tudo, ainda teve as entrevistas de estágio da faculdade que eu fui. Fui reprovado nas duas (provavelmente por ainda estar no primeiro semestre). Caso eu passasse, provavelmente não conseguiria me manter na Fundação.
Teve ainda fatores menores, como quando a Thais machucou o joelho e eu decidi prorrogar minha vida no curso até ela se recuperar pra eu poder me despedir dela pessoalmente. No final das contas ela se recuperou e eu continuei no curso.
Caramba, depois de
tantas possibilidades eu ainda estava frequentando as aulas na
Fundação!
Quando me perguntavam
se eu ia parar, minha resposta já havia mudado para “não sei”
ou “vou levar até onde der”. Algumas pessoas me incentivavam a
não parar... (não vou citar nomes porque tenho medo de ser injusto e acabar me esquecendo de alguém).
Depois dessa volta toda, minhas notas ficaram muito baixas. Mais uma possibilidade de parar o curso se abria: reprovação.
Mas como as opções
extra curso haviam se extinguido (quanto mais opções pior, dizem),
eu passei a me dedicar na Fundação. Recuperei as notas, mas não
evitei uma prova de recuperação. Mas recuperei e
consegui ser aprovado para o P2. Caso eu não conseguisse, eu já
havia me inscrito para fazer um Técnico em Publicidade no Alcina.
Engraçado... às vezes
tenho a impressão de que é meu destino continuar na Fundação.
No começo do P2, eu
quis parar novamente. Duas pessoas importantes que me incentivaram a
ficar no curso saíram: Thais e Mayara.
A professora Ana Paula
passou a pegar no meu pé durante as primeiras aulas chegando a dizer
que eu era um “forte candidato à reprovação”. Entrei em uma
crise existencial profissional.
Outras pessoas então
surgiram pra me motivar a continuar: Rafael, Marco, Luana, Warllen,
Isabella...
Entrei em crise até
com a faculdade de Rádio e TV (sim, eu sou um maluco e continuo a
fazer as duas coisas. Pior: eu trabalho no período entre as duas
coisas). Queria fazer jornalismo.
Quanto ao teatro, não iria parar até chegar o dia da viagem de Bertioga que havíamos ganhado. Essa foi a desculpa que me fez continuar. E o mar de Bertioga me fez voltar ao normal e sair da crise.
Ana Paula deixou de
pegar no meu pé e até não me deixou de nota vermelha neste primeiro
bimestre.
E aqui estou eu, numa
madrugada de 8 de outubro – um dia após o 1º turno das eleições
municipais – sem ainda ter trancado o curso. Aliás, nem pretendo fazê-lo, por enquanto.
Que seja eterno
enquanto dure.
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