Dormi mal na noite
anterior e depois de voltar da facul resolvi dormir mais do que
poderia depois do almoço. Assim eu tive de faltar na aula da oficina de
cinema.
Terça-feira, 11 de
setembro de 2012.
Aniversário da queda
das torres do World Trade Center. E aqui no Brasil eu voltando a ir
pra facul em uma terça-feira após muito tempo. O professor Dalmo
deu uma atividade que quem acabasse poderia sair mais cedo da aula.
Assim que saí da sala, fui escrever uma carta para a Deyse (minha
amiga da UFABC) que eu iria entregar pra Luana (outra amiga da UFABC)
às 11h – marquei de pegar de volta um livro que eu havia
emprestado pra ela há muito tempo atrás. Tentei escrever uma carta
também para a Milena, mas não consegui. Enquanto isso, eu vi meu
grupo do Projeto Integrado na Metodista se reunindo pra,
provavelmente, discutir o trabalho. Resolvi fugir dali antes que eu
tivesse que assumir alguma responsabilidade.
Deu 11h e eu fui
esperar a Luana onde havíamos combinado: em uma das esquinas da
Metodista. Quando a vi, fiquei meio sem reação - mesmo sabendo como
eu deveria agir. A cumprimentei no rosto e disse 'eaê'.
Peguei meu livro de
volta e guardei na mochila. Conversamos algumas coisas. Enquanto isso
eu pensava nessa parada da passagem do tempo e de quão importante
essa Luana tinha sido em minha vida em um passado quase recente.
“Olhos de amêndoas tristes”, né. Entreguei a carta e pedi pra
ela entregar para a Deyse. Nos despedimos, mas minha cabeça não
conseguiu sair dos anos de 2010 e 2011.
À tarde resolvi faltar
no trabalho para escrever algumas angústias pessoais na carta para a
Milena. Também aproveitaria para preparar uma cena para mostrar para
a profª Ana Paula à noite. Consegui escrever tudo que eu sentia na
carta. E preparei mais ou menos a cena.
À noite terminei de
preparar a cena e recebi pela primeira vez um elogio da professora
quanto à minha atuação. Para a surpresa de muitos, pois meu
figurino estava muito extravagante.
Fui dormir feliz.
Quarta-feira, 12 de
setembro de 2012
De manhã fui enviar a
carta para a Milena no Correio (sim, sou quase um hipster).
À tarde fui trabalhar.
Ou quase, porque chegando lá fui informado de que haviam solicitado
minha transferência. Fiquei meio sem entender e comecei a supôr que
tinha a ver com o fato de minha mãe ter falado com um vereador de
São Caetano para me arrumar um emprego melhor. Não me falaram o
porquê da transferência (talvez não pudessem falar por ser época
de eleição e pelas paredes terem ouvidos?)
Então esse se tornou
meu último dia de trabalho no Centro Odontológico. Tive que me
despedir às pressas de algumas pessoas e de todo o local em si.
Estranho me despedir de
um lugar que eu frequentei quase todos os dias durante dez meses assim
do nada.
Quinta-feira, 13 de
setembro de 2012.
Faltei na faculdade
porque supostamente eu havia arrumado um novo emprego (com oito horas diárias e não quatro como o meu antigo) e não daria
mais para continuar frequentando as aulas da Metodista: Eu realmente estava convicto que havia
conseguido um outro emprego graças a alguma maracutaia de vereador.
E o fato de conseguir um emprego por meios não muito lícitos estava
acabando com a dignidade dos meus pensamentos, ideologicamente
falando.
Depois da aula de
violão, fui falar com a coordenadora do Comjuv para saber pra onde
eu iria. Descobri que a diretora do Centro Odontológico havia pedido
minha transferência (eu havia conseguido emprego melhor
coisa nenhuma!). Fiquei assustado porque não havia motivos para
pedirem minha transferência. Aliás, nunca me deram broncas ou
advertências lá. Muito estranho.
A coordenadora do
Comjuv deixou eu escolher um novo local para trabalhar e eu escolhi
uma EMEI perto de casa onde eu havia estudado numa infância muito
distante.
À noite, a profª Ana
Paula testou um novo personagem em mim e deu bastante certo até.
Mais elogios.
Sexta-feira, 14 de
setembro de 2012.
De manhã, voltei a
frequentar a facul.
À tarde, meu primeiro
dia de trabalho na EMEI Rosa Perrella (onde eu havia estudado quando pequeno). Fui muito bem recebido e descobri que
nesse novo serviço agora eu teria tempo para estudar e ler algum livro.
À noite, conversando pela internet, uma colega do Centro Odontológico me disse que falou com a diretora de lá e descobriu que ela pediu minha transferência porque eu havia compartilhado coisas do movimento 'Basta!' no Facebook. O 'Basta!' é um movimento político da cidade de oposição ao prefeito Auricchio e sua candidata à sucessão Regina Maura.
Apesar de me sentir pequeno diante das estruturas de poder ao meu redor, eu me senti extremamente orgulhoso de mim mesmo.
Ideologicamente falando, quase um herói em tempos de ditadura.
À noite, conversando pela internet, uma colega do Centro Odontológico me disse que falou com a diretora de lá e descobriu que ela pediu minha transferência porque eu havia compartilhado coisas do movimento 'Basta!' no Facebook. O 'Basta!' é um movimento político da cidade de oposição ao prefeito Auricchio e sua candidata à sucessão Regina Maura.
Apesar de me sentir pequeno diante das estruturas de poder ao meu redor, eu me senti extremamente orgulhoso de mim mesmo.
Ideologicamente falando, quase um herói em tempos de ditadura.
Sábado, 15 de setembro
de 2012.
De manhã, eu fui em uma passeata contra a corrupção que aconteceu no centro de São Caetano. Movido a um pouco de mágoa pessoal, em alguns momentos cheguei a derramar algumas lágrimas ao ver tanta gente ali indignada também. Por motivos infinitamente diversos, mas igualmente indignados. O tal do movimento 'Basta!' quem organizou a passeata, rs.
Engraçado foi uma senhora do nada puxar conversa comigo me induzindo a acreditar que era o PT que estava organizando aquela passeata e que isso era uma coisa absurda e horrível. Ela só foi embora quando houve um momento de tensão: quando se descobriu que estavam simulando uma passeata falsa com material impresso apócrifo e pessoas usando máscaras do V de Vingança (o 'Basta!' já fez uma passeata usando essas máscaras) em ruas próximas a onde estávamos concentrados. Com direito a viatura da Guarda Civil Municipal cantando pneu e tudo. Só deu tempo de ver um grupo de adolescentes fugindo como se não houvesse amanhã (provavelmente por serem menores de idade, deixaram eles fugirem correndo). Jogaram todo o material apócrifo (jornais falsos etc) e as máscaras no lixo. Mas eu, discretamente, - e morrendo de medo - peguei uma máscara escondido para mim.
De manhã, eu fui em uma passeata contra a corrupção que aconteceu no centro de São Caetano. Movido a um pouco de mágoa pessoal, em alguns momentos cheguei a derramar algumas lágrimas ao ver tanta gente ali indignada também. Por motivos infinitamente diversos, mas igualmente indignados. O tal do movimento 'Basta!' quem organizou a passeata, rs.
Engraçado foi uma senhora do nada puxar conversa comigo me induzindo a acreditar que era o PT que estava organizando aquela passeata e que isso era uma coisa absurda e horrível. Ela só foi embora quando houve um momento de tensão: quando se descobriu que estavam simulando uma passeata falsa com material impresso apócrifo e pessoas usando máscaras do V de Vingança (o 'Basta!' já fez uma passeata usando essas máscaras) em ruas próximas a onde estávamos concentrados. Com direito a viatura da Guarda Civil Municipal cantando pneu e tudo. Só deu tempo de ver um grupo de adolescentes fugindo como se não houvesse amanhã (provavelmente por serem menores de idade, deixaram eles fugirem correndo). Jogaram todo o material apócrifo (jornais falsos etc) e as máscaras no lixo. Mas eu, discretamente, - e morrendo de medo - peguei uma máscara escondido para mim.
Por causa da passeata, não consegui chegar a tempo da aula do Warde na Fundação à tarde.
À noite, fiquei muito em dúvida se iria ao aniversário da Jeisa do teatro lá nos confins de SP. Mas decidi ir depois que Larissa, Isabella, Marco e Gabriela confirmaram que iriam de transporte público também.
À noite, fiquei muito em dúvida se iria ao aniversário da Jeisa do teatro lá nos confins de SP. Mas decidi ir depois que Larissa, Isabella, Marco e Gabriela confirmaram que iriam de transporte público também.
O aniversário dela
começou de forma bem chata para mim (música eletrônica e tals).
Mas conforme a noite foi avançando, foi se tornando algo cada vez
mais prazeroso.
O ponto alto da noite
foi descobrir um novo lado (talvez o verdadeiro) da Gabi. Foi a
primeira vez que nos comunicamos de verdade um com o outro.
Domingo, 16 de setembro
de 2012.
Dormi duas ou três
horas apenas por causa da balada da noite anterior. Eu tinha de
acordar cedo para prestar a prova pra entrar na SP Escola de Teatro ano que vem. Consegui
acordar. Entrei no Facebook e vi que tinha um convite relâmpago para
sair com a Mayara e a Thais. Respondi avisando que não daria pra eu
ir por causa da prova.
No ônibus até a
Estação de São Caetano reencontrei por acaso a Deborah.
Deborah foi minha
madrinha no baile de formatura do Ensino Médio, além de ter sido
minha maior paixão platônica da adolescência.
Conversamos sobre
muitos assuntos mesmo depois de tanto tempo sem se ver. Aí minha
cabeça voou longe ao imaginar como poderia ser nossas vidas em um
universo paralelo. Fiquei chateado com essa passagem do tempo e com
essa possibilidade de universos paralelos onde a gente vive outras
vidas. Algo bem parecido com o que aconteceu na terça-feira às 11
horas...
Essa conversa com a
Deborah me distraiu e me ajudou tinhosamente a confundir a Estação
Vila Mariana com a Estação Vila Madalena. Perdi a prova da SP.
Pra não perder viagem,
passei na volta na Liberdade pra comprar algumas coisas. Pensei em
ligar pra Thais ou pra Mayara e aproveitar o resto daquele domingo
com elas, mas já estava muito cansado de toda aquela semana que se
passara até ali.
Resolvi voltar para
casa e ter meu merecido descanso físico, mas principalmente ter meu
merecido descanso emocional.
P.S.1: Mayara me disse depois, pela internet, que ela tinha ido com a Thais na Liberdade também naquele domingo.
P.S.2: A carta que
escrevi para a Milena aparentemente nunca chegou (segundo ela).
P.S.3: Até poucos dias
atrás, a Luana ainda não havia entregado a carta para a Deyse (nem
sei se ela já entregou).
P.S.4: O novo
personagem que a Ana Paula testou em mim foi o coveiro Joe Stoddard
da peça “Nossa Cidade” de Thornton Wilder. É o personagem que
eu apresentarei no exercício cênico no final do semestre.
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