quarta-feira, 10 de outubro de 2012

7 dias: 1001 vidas, 10000 destinos, 123 variações sobre um mesmo tema.

Segunda-feira, 10 de setembro de 2012.

Dormi mal na noite anterior e depois de voltar da facul resolvi dormir mais do que poderia depois do almoço. Assim eu tive de faltar na aula da oficina de cinema.



Terça-feira, 11 de setembro de 2012.

Aniversário da queda das torres do World Trade Center. E aqui no Brasil eu voltando a ir pra facul em uma terça-feira após muito tempo. O professor Dalmo deu uma atividade que quem acabasse poderia sair mais cedo da aula. Assim que saí da sala, fui escrever uma carta para a Deyse (minha amiga da UFABC) que eu iria entregar pra Luana (outra amiga da UFABC) às 11h – marquei de pegar de volta um livro que eu havia emprestado pra ela há muito tempo atrás. Tentei escrever uma carta também para a Milena, mas não consegui. Enquanto isso, eu vi meu grupo do Projeto Integrado na Metodista se reunindo pra, provavelmente, discutir o trabalho. Resolvi fugir dali antes que eu tivesse que assumir alguma responsabilidade.
Deu 11h e eu fui esperar a Luana onde havíamos combinado: em uma das esquinas da Metodista. Quando a vi, fiquei meio sem reação - mesmo sabendo como eu deveria agir. A cumprimentei no rosto e disse 'eaê'.
Peguei meu livro de volta e guardei na mochila. Conversamos algumas coisas. Enquanto isso eu pensava nessa parada da passagem do tempo e de quão importante essa Luana tinha sido em minha vida em um passado quase recente. “Olhos de amêndoas tristes”, né. Entreguei a carta e pedi pra ela entregar para a Deyse. Nos despedimos, mas minha cabeça não conseguiu sair dos anos de 2010 e 2011.

À tarde resolvi faltar no trabalho para escrever algumas angústias pessoais na carta para a Milena. Também aproveitaria para preparar uma cena para mostrar para a profª Ana Paula à noite. Consegui escrever tudo que eu sentia na carta. E preparei mais ou menos a cena.

À noite terminei de preparar a cena e recebi pela primeira vez um elogio da professora quanto à minha atuação. Para a surpresa de muitos, pois meu figurino estava muito extravagante.

Fui dormir feliz.



Quarta-feira, 12 de setembro de 2012

De manhã fui enviar a carta para a Milena no Correio (sim, sou quase um hipster).

À tarde fui trabalhar. Ou quase, porque chegando lá fui informado de que haviam solicitado minha transferência. Fiquei meio sem entender e comecei a supôr que tinha a ver com o fato de minha mãe ter falado com um vereador de São Caetano para me arrumar um emprego melhor. Não me falaram o porquê da transferência (talvez não pudessem falar por ser época de eleição e pelas paredes terem ouvidos?)
Então esse se tornou meu último dia de trabalho no Centro Odontológico. Tive que me despedir às pressas de algumas pessoas e de todo o local em si.
Estranho me despedir de um lugar que eu frequentei quase todos os dias durante dez meses assim do nada.



Quinta-feira, 13 de setembro de 2012.

Faltei na faculdade porque supostamente eu havia arrumado um novo emprego (com oito horas diárias e não quatro como o meu antigo) e não daria mais para continuar frequentando as aulas da Metodista: Eu realmente estava convicto que havia conseguido um outro emprego graças a alguma maracutaia de vereador. E o fato de conseguir um emprego por meios não muito lícitos estava acabando com a dignidade dos meus pensamentos, ideologicamente falando.

Depois da aula de violão, fui falar com a coordenadora do Comjuv para saber pra onde eu iria. Descobri que a diretora do Centro Odontológico havia pedido minha transferência (eu havia conseguido emprego melhor coisa nenhuma!). Fiquei assustado porque não havia motivos para pedirem minha transferência. Aliás, nunca me deram broncas ou advertências lá. Muito estranho.
A coordenadora do Comjuv deixou eu escolher um novo local para trabalhar e eu escolhi uma EMEI perto de casa onde eu havia estudado numa infância muito distante.

À noite, a profª Ana Paula testou um novo personagem em mim e deu bastante certo até. Mais elogios.



Sexta-feira, 14 de setembro de 2012.

De manhã, voltei a frequentar a facul.

À tarde, meu primeiro dia de trabalho na EMEI Rosa Perrella (onde eu havia estudado quando pequeno). Fui muito bem recebido e descobri que nesse novo serviço agora eu teria tempo para estudar e ler algum livro.

À noite, conversando pela internet, uma colega do Centro Odontológico me disse que falou com a diretora de lá e descobriu que ela pediu minha transferência porque eu havia compartilhado coisas do movimento 'Basta!' no Facebook. O 'Basta!' é um movimento político da cidade de oposição ao prefeito Auricchio e sua candidata à sucessão Regina Maura.
Apesar de me sentir pequeno diante das estruturas de poder ao meu redor, eu me senti extremamente orgulhoso de mim mesmo.
Ideologicamente falando, quase um herói em tempos de ditadura.



Sábado, 15 de setembro de 2012.

De manhã, eu fui em uma passeata contra a corrupção que aconteceu no centro de São Caetano. Movido a um pouco de mágoa pessoal, em alguns momentos cheguei a derramar algumas lágrimas ao ver tanta gente ali indignada também. Por motivos infinitamente diversos, mas igualmente indignados. O tal do movimento 'Basta!' quem organizou a passeata, rs.
Engraçado foi uma senhora do nada puxar conversa comigo me induzindo a acreditar que era o PT que estava organizando aquela passeata e que isso era uma coisa absurda e horrível. Ela só foi embora quando houve um momento de tensão: quando se descobriu que estavam simulando uma passeata falsa com material impresso apócrifo e pessoas usando máscaras do V de Vingança (o 'Basta!' já fez uma passeata usando essas máscaras) em ruas próximas a onde estávamos concentrados. Com direito a viatura da Guarda Civil Municipal cantando pneu e tudo. Só deu tempo de ver um grupo de adolescentes fugindo como se não houvesse amanhã (provavelmente por serem menores de idade, deixaram eles fugirem correndo). Jogaram todo o material apócrifo (jornais falsos etc) e as máscaras no lixo. Mas eu, discretamente, - e morrendo de medo - peguei uma máscara escondido para mim.

Por causa da passeata, não consegui chegar a tempo da aula do Warde na Fundação à tarde.

À noite, fiquei muito em dúvida se iria ao aniversário da Jeisa do teatro lá nos confins de SP. Mas decidi ir depois que Larissa, Isabella, Marco e Gabriela confirmaram que iriam de transporte público também.

O aniversário dela começou de forma bem chata para mim (música eletrônica e tals). Mas conforme a noite foi avançando, foi se tornando algo cada vez mais prazeroso.

O ponto alto da noite foi descobrir um novo lado (talvez o verdadeiro) da Gabi. Foi a primeira vez que nos comunicamos de verdade um com o outro.



Domingo, 16 de setembro de 2012.

Dormi duas ou três horas apenas por causa da balada da noite anterior. Eu tinha de acordar cedo para prestar a prova pra entrar na SP Escola de Teatro ano que vem. Consegui acordar. Entrei no Facebook e vi que tinha um convite relâmpago para sair com a Mayara e a Thais. Respondi avisando que não daria pra eu ir por causa da prova.
No ônibus até a Estação de São Caetano reencontrei por acaso a Deborah.
Deborah foi minha madrinha no baile de formatura do Ensino Médio, além de ter sido minha maior paixão platônica da adolescência.
Conversamos sobre muitos assuntos mesmo depois de tanto tempo sem se ver. Aí minha cabeça voou longe ao imaginar como poderia ser nossas vidas em um universo paralelo. Fiquei chateado com essa passagem do tempo e com essa possibilidade de universos paralelos onde a gente vive outras vidas. Algo bem parecido com o que aconteceu na terça-feira às 11 horas...

Essa conversa com a Deborah me distraiu e me ajudou tinhosamente a confundir a Estação Vila Mariana com a Estação Vila Madalena. Perdi a prova da SP.

Pra não perder viagem, passei na volta na Liberdade pra comprar algumas coisas. Pensei em ligar pra Thais ou pra Mayara e aproveitar o resto daquele domingo com elas, mas já estava muito cansado de toda aquela semana que se passara até ali.

Resolvi voltar para casa e ter meu merecido descanso físico, mas principalmente ter meu merecido descanso emocional.


P.S.1: Mayara me disse depois, pela internet, que ela tinha ido com a Thais na Liberdade também naquele domingo.
P.S.2: A carta que escrevi para a Milena aparentemente nunca chegou (segundo ela).
P.S.3: Até poucos dias atrás, a Luana ainda não havia entregado a carta para a Deyse (nem sei se ela já entregou).
P.S.4: O novo personagem que a Ana Paula testou em mim foi o coveiro Joe Stoddard da peça “Nossa Cidade” de Thornton Wilder. É o personagem que eu apresentarei no exercício cênico no final do semestre.

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