quinta-feira, 26 de abril de 2012

Por amor às causas perdidas.

Terça-feira, 24 de abril de 2012.

23h da noite, saída do teatro. Estava com a Thais na cabeça. Thais é a garota que havia sido minha réplica no teste da Fundação.  Sabia meio que por boatos e audições de conversas alheias que ela queria trancar o curso. E nessa aula dessa terça-feira ela se manteve distante de tudo, quase que presa em um mundo próprio. 

Como eu disse eram quase 23h e ela não havia ainda pegado seu ônibus para iniciar sua jornada diária de regresso a Ribeirão Pires. E eu estava indo pra casa. E ela conversando do outro lado da rua com o Everton e com a Vanesca. Atravessei a rua em direção a eles (a ela, na verdade). O farol estava fechado e no carro que aguardava o sinal verde estava a Larissa. Cheguei um pouco antes do Everton e da Vanesca se despedirem da Thais. Um pouco antes de ela sair correndo em direção à Estação de São Caetano. Deu tempo de ouvir um “cuidado, hein” da Vanesca para a Thais. Segui então meu rumo normal de volta pra casa como em todos os outros dias.

Ledo engano. Como eu disse, estava com a Thais na cabeça. “Por que ela não esperou qualquer outro ônibus passar?”; “Será que ela não sabe quais outros ônibus vão pra Estação?”; “Será que ela está sem dinheiro?”; “É perigoso ela ir sozinha essa hora até à Estação.”; “Por que ela estava daquele jeito na aula?”.
Minhas dúvidas me pararam no meio da calçada. Olhei para trás. Se ela ainda estivesse correndo já estaria meio longe dali. Resolvi virar o corpo todo mesmo com minhas pernas cansadas da aula de preparação corporal. “Se eu não consigo andar por causa da aula, imagina ela que está correndo”.  “Droga, por que eu não perguntei se ela estava sem dinheiro? Preciso voltar”. 

Não sabendo exatamente o porquê, mas estava voltando. Vi que em frente à Fundação das Artes tinha gente da turma que talvez pudesse me atrasar com algum tipo de conversa. Resolvi não arriscar e dei a volta no quarteirão. Não sei exatamente o porquê estava fazendo aquilo, mas só sentia que eu devia continuar. Naquele momento eu precisaria alcançar andando uma pessoa correndo. Mas se eu ia conseguir ou não, o importante era tentar. E nem precisei andar muito já que logo vi a Thaís em um ponto de ônibus. Ela me perguntou por que eu estava ali. Oras, se eu não sabia responder nem pra mim mesmo, imagina pra ela.

Bem, ela não estava sem dinheiro. Sim, ela sabia que os outros ônibus também serviam. Ela apenas desistiu de ir a pé pra Estação pra esperar outro ônibus - mesmo que demorasse - e assim poder gastar o seu cartão do Bom Escolar. Mas creio que isso se tornou bem irrelevante diante do que ela me disse logo em seguida. Disse que ia trancar a matrícula do curso no dia seguinte.

Então o motivo de eu estar ali naquele momento começava a ficar claro. Eu acredito sim em coincidências, mas também acredito que nada nesse mundo acontece por acaso. O motivo de eu ter levado a sério algo tão abstrato como um sexto sentido naquele momento fazia certo sentido. Meu objetivo de vida naqueles minutos restantes até o ônibus dela chegar passou a ser convencê-la a não trancar o curso no dia seguinte. Se preciso, eu pegaria o ônibus junto com ela.

Começamos a conversar sobre as coisas que a motivaram a tomar essa decisão – mesmo que sua expressão apresentasse uma incerteza sem tamanho.
Surgiram coisas nobres como o sonho em se tornar veterinária. E coisas nem tão nobres assim.

O tempo estava ficando cada vez mais escasso. Em um momento ela me disse que eu era um bom ator, mas eu juro que estava sendo o mais sincero possível nas minhas palavras ditas.
Num lampejo de esperança, consegui que ela prometesse não trancar a matrícula até o dia 7. Fiz ela repetir a promessa antes de entrar no ônibus.

A primeira batalha da guerra havia sido ganha. E eu fiquei feliz. Mais feliz ainda ao saber que a veria de novo em breve como colega de classe.

A questão é que tenho pouco mais de uma semana pra tentar mostrar pra Thais o lado bom do teatro e o porquê ela deveria continuar. Não sei ainda como fazer isso, mas só sei que não vou desistir. Se a razão não quiser me ajudar, irei seguir até o fim de coração. Eu já estive bem próximo de trancar a matrícula por diversas vezes e sei como ela se sente de certa forma. Tenho oito dias de aula para conseguir isso. 

Quarta-feira, 25 de abril de 2012. 
 
Mandei uma sms pra Thaís dizendo que a veria no Teatro Santos Dumont naquele dia (iria ter um evento relacionado à Fundação ali). Ela me respondeu dizendo que não iria porque ia numa oficina no Sesc junto com a Gabi. Respondi que tudo bem e que ela deveria adiar em um dia o acordo pra compensar a falta. Ela concordou e o último dia dela passou a ser dia 8 de maio, de novo um dia de aula de preparação corporal. Restam oito dias de novo, portanto. 



Quinta-feira, 26 de abril de 2012. – 1º dia

Thais não se isolou dessa vez. Pelo contrário, parecia bem feliz e enturmada. Mandou muito bem nos exercícios de improvisação na aula.
 Tudo ia bem até meu coração apertar quando o professor comentou sobre os exercícios que iam ser feitos em dupla em breve e como substituir as pessoas que estão abandonando o curso. Meu medo era que ela se manifestasse sobre isso em algum momento. E ao final da aula, eu achei que ela tinha feito isso mesmo.
 Na saída conversei com a Larissa (aquela do carro no farol) sobre a Thais e disse pra ela que não vou conseguir cumprir esse objetivo sem ajuda.  Quando a Larissa se foi, fui até o ponto de ônibus falar com a Thais.
 Não consegui evoluir no objetivo, infelizmente. Ela parece bem decidida de trancar a matrícula junto com a Semíramis – sua amiga de Ribeirão Pires que desistiu do teatro – no dia 8. Droga.
Perguntei, de zero a dez, qual era a chance dela continuar no teatro. Ela disse 4.
O ônibus dela chegou e ela partiu. Restam ainda 7 dias, densos 60% a vencer. Sei que preciso de ajuda de outras pessoas pra conseguir isso, mas não sei como e nem a quem pedir ajuda.



Sexta-feira, 27 de abril de 2012. - 2º dia

Uma ponta de esperança!
Thais chegou atrasada. Nossa turma estava em um bate-papo com a turma que está se formando nesse semestre. Achei que não ia acontecer nada de relevante. Só vi no canto do olho - e do ouvido - que a Mayara estava tentando do jeito dela convencer a Thais a continuar no curso (Até o presente momento eu e Mayara estamos indispostos um com o outro por causa de uma briga recente).
Quase ao final da aula a Thais expôs ao grupo todo que iria trancar a matrícula, mas que a multa de 30% sobre a semestralidade do curso seria um problema. Posso dizer que fiquei triste e feliz, ao mesmo tempo.
Na saída, meio que em tom de brincadeira pedi para o pessoal convencer ela a continuar no curso. Mas surgiram piadas meio estranhas vindas do Everton. Mas tinha gente bem disposta em ajudar, tipo a Gabi.

Estava chovendo. E não existe nada mais belo no mundo do que a garoa noturna. 

Pedi pra Thais fechar os olhos e depois abrir. Quando abriu, disse em seu ouvido que o céu estava chorando porque ela disse que ia trancar o curso. Devia ter tirado os óculos dela pra cena ficar mais bonita. Mas não se pode ter tudo na vida como a gente quer.
Falando sobre seu futuro na Fundação, Thais disse que talvez fique até o fim do semestre no curso caso ela e Semíramis não consigam um acordo para ‘amenizar’ os 30% da multa de trancamento. O problema é que a Semíramis é advogada e uma vez me disse que era “abuso de contrato” essa multa da Fundação. Mas enfim, enquanto houver dias, ainda haverá esperança.
  
E agora restam apenas seis.



Sábado, dia 28 de abril de 2012. - 3º dia

Dia estranho.
Estranho porque meus conflitos internos assim fizeram o dia ser.  Primeiro, soube das minhas notas das aulas do Warde. Já sabia que seriam baixas, mas me senti na mesma situação do criminoso no momento em que recebe a sentença do juiz. Por mais frio e racional que eu estivesse, sempre sobram resquícios no subconsciente que atrapalham as ações conscientes por um tempo.

Thais estava linda. Hesitei em dizer isso por sms com medo de o celular dela não estar no silencioso e o ato tomar proporções indevidas. Acabei dizendo isso na saída da aula depois dela ter me zoado. “Só porque eu ia dizer que você está bonita, nem vou dizer mais”. Acabou ficando engraçado.

Ah, esqueci de dizer que a Larissa disse na noite anterior que queria me ajudar nessa missão de convencer a Thais a ficar no curso. Aliás, a Larissa está me influenciando indiretamente a ressuscitar esse blog cansado. 

Fomos comer batatas com rostinhos felizes (rostinhos felizes na batata, ok?).

Tudo indo muito bem até a parte dos conflitos internos. A parte em que mais de uma pessoa me perguntou o porquê de eu não ter feito nenhuma técnica da peça de formatura. Quando respondia que era porque eu ia trancar o curso e não queria compromissos da qual não pudesse cumprir, surgiram dúvidas da Thais dos motivos que me levaram a continuar então. Respondi. Mas nunca com 100% de convicção.
A porcentagem que não estava convicta se juntou aos conflitos inconscientes e se somou ao que escreverei a seguir.

Thais queria obrigar eu e Mayara fazer pazes à força. Eu só aceitaria passar por isso se a Thais ficasse mais 7 ou 10 dias no curso (na hora pensei em como esse texto do blog ficaria enorme no final do novo prazo).  Mas a Mayara não se mostrou muito disposta em concordar com isso e acabou dizendo umas coisas meio aleatórias sobre namoros pra me atingir.

No meio desse clima denso, surgiu uma menina do quinto período do nosso curso dizendo que estava pensando em desistir e que já estava fazendo outra faculdade. Thais começou a fazer várias e várias perguntas a partir disso. E meio que a menina aconselhou ela trancar o curso. Eu fiquei na minha. Não conhecia a garota, não estava na mesma conversa e estava com a parte dos conflitos internos aflorada.
No final das contas, não houve paz alguma e nem um novo prazo pra Thais continuar no curso.

Restam ainda os mesmo cinco dias e confesso que largar os pontos já se tornou uma possibilidade considerável.


Quarta-feira, 2 de maio de 2012.

Pus em prática uma ideia no feriado que antecedeu a aula desse dia. Fiz uma montagem bem humorada de uma foto da Thais na Fundação das Artes e mandei pra ela via facebook. Algumas pessoas da turma curtiram e comentaram a foto (algumas pessoas de fora da Fundação também!). Thais então deu a entender ao responder os comentários que ficaria no curso até o fim do semestre. Mas eu ainda não havia acreditado plenamente nisso.
Pouco tempo depois a Larissa me envia a seguinte mensagem pela internet:

Rondi, a Thais me confirmou por mensagem que vai ficar até o fim do semestre pra não pagar a multa! Yeah!
Agora é questão de fazê-la amar mais ainda o teatro e estar com a galera!

Estava começando a acreditar na verdade da situação. Fiquei feliz.

Fui trabalhar. Lá descubro que uma funcionária muito gente boa (a única pessoa de lá que me chamava de Rondi) havia falecido no final de semana.  Minha felicidade então passou a se misturar com uma tristeza profunda. Passei meu turno inteiro de trabalho pensando nessa morte e mesmo quando eu me distraía com alguma outra coisa, havia sempre um papel de fundo na minha cabeça que mantinha esse tom de morte. Fiquei hipersensível as coisas ao meu redor por todo o resto do dia. Queria faltar no teatro, mas mais do que nunca eu precisava continuar a viver. O show não poderia - e nunca deve - parar.


Quarta-feira, 2 de maio de 2012. – 4º dia (e último!)

Cheguei à aula e tudo parecia mais normal do que deveria estar. Precisava escolher um par pra fazer a massagem facial do início da aula, mas do jeito que a carruagem andava, eu iria acabar fazendo sozinho. Mas a professora Icó não deixou eu fazer sozinho mais uma vez e me mandou fazer com a Thais. Sei lá se eu posso chamar isso de coincidência...
Antes da massagem facial em mim, Thais me disse que iria continuar sim até o fim do semestre. Somente aí passei a acreditar de verdade na história! 
Na minha vez de massagear, pedi para ela pensar em algo que gostasse muito, tipo um sonho. Espero realmente que ela tenha feito isso enquanto minhas mãos tocavam seu rosto.
No final da aula, a Icó falou algumas verdades sobre a nossa turma. Entre as tantas coisas que disse, falou para a Thaís não trancar a matrícula.
Curiosamente essa aula foi umas das que eu mais me senti próximo a Thais.
Na saída, fiquei um tempo procurando por ela, mas não a achei. Mas não importava, havíamos vencido essa batalha por antecipação.
Terei a oportunidade de vê-la muitas vezes até o fim do semestre ainda.
Aquele misto de felicidade com tristeza que havia transformado meu dia em nada, finalmente voltou a se transformar em tudo novamente.

Fim! =')


http://www.facebook.com/photo.php?fbid=2087895172712&l=28417358c2


Quinta-feira, 3 de maio de 2012.

Estou abalado, estou chocado. 

Chego na aula e a Larissa me diz que a Thais decidiu definitivamente trancar a matrícula.

Fiquei sem reação por um bom tempo. Aquilo não fazia o menor sentido ao mesmo tempo em que fazia todo o sentido.  O motivo da mudança de água para vinho tão repentina seria um curso que a Thais começaria em breve.

Fiquei atordoado por dentro. Pra piorar eu tinha de fazer uma cena com a Mayara em um momento que não é um dos mais propícios na nossa amizade para trabalharmos juntos.

E é claro que a cena não deu certo.

No final da cena da Thais o professor a criticou e ela quase que em um tom de desabafo disse que só tinha ido na aula pra não prejudicar a cena do Warllen e que iria trancar a matrícula na semana seguinte.

Estava com frio e meus olhos começaram a se irritar e ficar vermelhos. Vai ver era apenas uma vontade de chorar reprimida ao extremo.

Minha cabeça se tornou um caos e se dividiu em duas partes. Uma parte dizendo que eu não deveria desistir, pois a única coisa que não se pode alterar na vida é a morte (a morte recente da Sueli impulsionava esse lado). A outra parte dizia que a decisão da Thais era uma morte em vida e que ela ter mudado de ideia tão repentinamente seria como aquelas pessoas doentes terminais que dão uma melhoradinha antes de morrer para, dizem, se despedir. Uma parte me impedia de chorar, a outra me impedia de lutar. E assim o tempo ia passando, Thais se despedindo das pessoas, lágrimas sendo derramadas por todos os lados e eu fugindo tentando achar algum tipo de luz ou inspiração divina pra decidir o que fazer ou deixar de fazer. Mas no céu não havia estrelas. E nos meus olhos não haviam lágrimas.

Thais me disse que aquele ainda não era o último dia. Uma pequena gota d’água tentando refrescar o incêndio.

Acompanhei-a até o ponto de ônibus. Eu não conseguia falar um A sequer. Ao mesmo tempo em que ela dizia que iria sentir muita falta de tudo e de todos da Fundação. Mas por que então ela iria parar? Não fazia sentido com aquilo que ela estava dizendo para meus ouvidos. O tal curso que ela vai começar é apenas um dos muitos cursinhos pré-vestibulares que existem por aí. Não me convenceu. Mesmo assim não consegui falar muita coisa. Em um suspiro do meu lado teimoso, tentei comparar o amor que se sente por um animalzinho, mesmo sabendo do seu fim, ao amor que ela se recusava a alimentar nesse tempo restante pela Fundação como um todo. Aí ela me disse que já havia trancado a matrícula. Aí meu mundo caiu. Aí me calei de uma vez por todas. Fiquei sem norte, sem rumo. Era o fim. Ou pelo menos o início dele.

O ônibus dela chegou e eu fui para casa. Sem saber o que fazer além de pensar em coisas melancólicas.
Não sei a essa altura quantos dias ainda restam e nem a qual lado da minha cabeça eu deva seguir.

Talvez eu só deva seguir meu coração.



Sexta-feira, 4 de maio de 2012.

Nada como um dia após o outro. Depois da tempestade de emoções da noite anterior, um pouco de calma finalmente. Durante a madrugada cheguei à conclusão - junto com a Larissa - de que não era verdade que a Thais já havia trancado a matrícula. Ainda bem, seja lá qual for o motivo que a levou tentar me enganar.

Fato é que eu não sabia se eu já havia desistido de impedir a Thais de desistir do curso. Estranhamente eu fiquei bem tranquilo quando a vi junto da Larissa na secretaria fazendo algo que parecia ser trancar a matrícula. Provavelmente eu já estava me acostumando com essa ideia do fim. Afinal, eu não tenho o direito de intervir no destino das pessoas (mesmo que muitas vezes eu tivesse a certeza que o coração da Thais ainda implorasse por isso).

Na aula, a professora Vanessa pediu pra gente fazer uma carta pra ser entregue pra nós mesmos na nossa formatura daqui a três anos e meio. Thais começou a ficar bem triste a partir desse momento porque sabia que o exercício não serviria pra ela.

Pra ser sincero nem estava ligando para o conteúdo que eu estava escrevendo na minha carta. O objetivo que me dispus a cumprir nessas últimas semanas ainda ocupava um espaço maior na minha cabeça.

Mas em um relapso de distração pedi pra Thais escrever em uma folha de caderno os motivos que a levaram a desistir e os motivos que a levariam ficar no teatro. Ela chegou a começar, mas estava ligando muito mais para o conteúdo da carta dela. De uma forma bem depressiva ela escrevia a carta tendo a certeza de que não iria lê-la no futuro, escreveu direcionando para a turma e não para si, como proposto pela professora.

Então pedi para ela terminar em casa os motivos e me entregar amanhã.

Ela aparentava estar em uma depressão tremenda por causa de toda a situação. De certa forma, passei a aceitar esse fim junto com ela pouco a pouco. Na saída até comentei com a Larissa - que também aparentava tristeza nesse dia - que tudo já havia acabado e que a Thais já estava se despedindo de várias pessoas e uma eventual mudança de planos a essa altura já seria algo muito estranho.

Pouquíssimo tempo depois vi a professora Vanessa e o Celso – outro professor da Fundação – conversando com a Thais sobre ela não desistir agora e continuar até o fim do semestre. Bem na hora que eu já estava entregando oficialmente os pontos... Sei lá se posso de chamar isso de coincidência.

Fato é que me animei novamente – por amor às causas perdidas, sei lá – e antes da Thais pegar seu ônibus pedi para ela pensar bem nessa conversa com os professores e inclusive escrever isso na folha de caderno que ela irá me entregar amanhã.

Faltam três dias.


 
Sábado, 5 de maio de 2012.

Dia estranho.

Cheguei e vi a Thais sentada conversando ao telefone. Sentei do outro lado para não atrapalhar e quando ela me chamou fui sentar ao lado dela. Thais me disse que não havia feito a lista dos motivos que eu tinha pedido no dia anterior; disse que tinha pensado em escrever, mas achou melhor não fazer.

Em uma parte da aula, a Fernanda do P5 disse que havia trancado a matrícula e começou a falar sobre os motivos que a levaram tomar essa atitude a pedido da sala, principalmente a Thais, que se mostrou muito interessada em saber, meio que em uma tentativa de autoafirmar a sua própria decisão de também trancar.

Era o típico dia que não iria adiantar em nada eu tentar convencê-la a ficar. Todo o clima e situação conspiravam contra, então era melhor ficar em silêncio.

Quando parecia que mais nada iria acontecer, Larissa e Mayara começam a discutir ferozmente a ponto de quase saírem no tapa. Com o clima totalmente pesado, Thais disse que iria embora e saiu da sala. Fui atrás dela e disse que ela tinha de ficar. Arrisquei voltar pra sala pra poder conversar com a Larissa, enquanto Thais ficou conversando no grupinho onde estava a Mayara.

Enquanto eu conversava com a Larissa, parece que a Thais quase saiu no tapa com a Isabella por causa de uma rixa antiga. Dia legal esse.

Ao final do dia, Thais me disse que iria continuar até o fim do semestre no curso porque não tinha dinheiro pra pagar a multa. Como não é a primeira vez que ela disse isso, não acreditei. Fiz ela prometer e confirmar várias vezes, mesmo assim não acreditei. Mas confesso que fui embora feliz.

Mesmo sendo um dia de lua cheia.



Segunda-feira, 7 de maio de 2012.

Hoje seria o último de aula da Thais na Fundação das Artes se aquela contagem inicial ainda estivesse valendo. Mas coisas aconteceram e os números acabaram se perdendo no meio do caminho.

Na primeira aula da noite, nada da presença dela. Passei a ficar com a pulga atrás da orelha a partir de então.

Mas a pulga sumiu na segunda aula, pois ela havia chegado. E sem maiores surpresas (ainda bem). Thais não havia mudado de ideia e disse que continuaria até o fim do semestre no curso.

Mesmo sem expressividade por fora, fiquei feliz por dentro. Só fico me questionando qual foi a gota que transbordou o balde no último sábado que a fez desistir de desistir. Será que foi a briga – que eu não vi – com a Isabella? Alguma provocação da Isabella com o fato da Thais ter dito que iria abandonar o curso? Então será que uma coisa ruim provocou uma coisa boa? Vai saber...

Bem, seja qual for o motivo o importante é que o objetivo foi cumprido. Mesmo que não seja a primeira vez que escrevo algo do tipo por aqui. 
Mas quem sou eu para me opor a uma coisa boa? O importante agora é aproveitar cada momento até o fim desse semestre.

Pois o show não pode parar!

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