quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Rondinely e a UFABC #parte III (tá tudo assim, tão diferente)

Terça-feira, 25 de outubro de 2011.

Mais um dia dos meus últimos dias na UFABC. Como já acontece há um bom tempo, as palavras do professor entraram por um ouvido e saíram pelo outro. E pra ser sincero, um dos motivos de eu ainda estar indo pra faculdade é pra rever as pessoas de lá enquanto tenho oportunidade. (Gostaria de ter escrito ‘rever os amigos’, mas ultimamente não sei mais a diferença entre coleguismo, amizade e paixão. A linha que separa tudo isso dever ser muito tênue. Pelo menos para mim. Pelo menos para essa fase da minha vida).

Pra variar, cheguei atrasado novamente na aula. Meus atrasos devem ser uma espécie de carma que impus a mim mesmo, inconscientemente. De qualquer forma, só pude cumprimentar algumas das pessoas que ainda me motivam a ir à faculdade no final da aula.

E confesso que fiquei decepcionado, quase triste. Os abraços não soaram mais os mesmos de antes. Parece que o tempo que demorei pra conquistar uma forma única de abraçar certas pessoas se perdeu com o tempo. Toda a linguagem e programação corporal foi perdida. Foi perdida porque os sentimentos e emoções se perderam. Por isso fiquei triste.

Fiquei me perguntando se não era melhor ter parado a faculdade de uma vez ao invés de me afastar aos poucos. Talvez se o sistema da UFABC não permitisse que eu me matriculasse em apenas uma só matéria, essa melancolia final não aconteceria. Deixaria uma última impressão boa, sabe. Dizem que a primeira impressão é a que fica. Concordo, mas acrescentaria que a última impressão não é esquecida também. E pelo visto a última impressão que estou formando está cada vez mais enfraquecida de virtudes. Droga.


Rondinely e a UFABC #parte IV


Lá estava eu indo em direção ao ponto de ônibus pra voltar pra casa quando os dois ônibus que eu poderia pegar passaram quase que simultaneamente ao mesmo tempo. Perdi ambos e teria de esperar um bom tempo pra um deles passar de novo. Droga.

De repente tive a ideia maluca de voltar à facul e almoçar no RU. Fazia muito tempo que não almoçava lá. Na verdade eu não queria ter tido essa ideia. Estava acomodado com os sentimentos melancólicos e almoçar no RU significaria bater de frente com esses sentimentos. Acabaria interagindo com as pessoas... Bem, não tinha escolha. Tinha de fazer meu coração vibrar. Tinha de agir como o protagonista de minha própria vida e superar as melancolias, mesmo sabendo que ceder a elas seria muito mais cômodo.

Voltei a UFABC. Desci no RU. E vi tudo diferente do que era antes. A ordem de comprar a ficha, de pegar os pratos, de servir a comida. Estava tão diferente pra mim que até fiquei com receio de pagar o valor exato da comida. Sabia que era R$ 2,15 mas àquela altura não tinha mais certeza de nada. Bem, era R$ 2,15 mesmo.
Mas não era só a disposição física das coisas que estava diferente. Havia muitos rostos novos ali também. Muitos mesmo. Eram os bixos de 2011 que não cheguei a conhecer...

Sentei-me a uma das mesas sozinho. Havia algumas pessoas conhecidas que passavam por mim direto. Boa sensação estranha de parecer invisível sem ser. Mas para meu azar, parecia que algo queria me dizer que aquele era o dia de contradizer o Rondinely. Várias pessoas passaram a me cumprimentar e falar comigo desde então.
Quando já havia me convencido de que estava visível novamente, ninguém mais apareceu. Sim, devia ser o dia de contradizer o Rondinely mesmo. O dia de dizer que eu estava errado.

Mas fato é que me senti como se tivesse viajado no tempo (ou pra longe) (ou os dois), voltado e tudo estivesse diferente.
Nem sei explicar direito mas na hora me senti muito bem (sensação boa, mas estranha). Era como se eu tivesse compreendido várias coisas daquele momento da minha vida ali. Sempre fiquei me perguntando se descobrir o sentido das coisas seria algo ruim. Me baseando por aquele momento, não é.

Cheguei à conclusão de que se os abraços não eram os mesmos de antes não era culpa dos outros. Era minha, por ter me afastado. As pessoas são diferentes, reagem de formas diferentes. O tempo nunca deixou de passar e nunca deixará. Lembrei que ainda havia pessoas que eram próximas a mim justamente por eu ter estabelecido uma relação de distância espaço-temporal (conversas por internet de tempos em tempos). Os abraços só não faziam mais sentido com aquelas pessoas com as quais estabeleci uma relação presencial forte. Eu conseguir parar no tempo com as memórias de outrora não é garantia alguma de que quem faz parte dessas memórias vá (e queira fazer) o mesmo.

Bem complexo mesmo, vou encerrar por aqui.

Mentira, nem vou. Só sei que tenho pouco mais de um mês para deixar uma última impressão digna. Só falta saber como.

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