sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Me sinto um estrangeiro, passageiro de algum trem que não passa por aqui. [2]

Algo curioso aconteceu comigo hoje.

Pela primeira vez tive a oportunidade de observar o fluxo de pessoas em horário de pico na estação do Brás. Foi por acaso, estava na fila para recarregar meu Bilhete Único. Ao lado da fila, centenas de rostos anônimos se locomovendo a passos largos e apressados. Cada rosto apressado com uma história. Eram tantas possibilidades de história ali que confesso ter entrado em colapso artístico (mesmo não sabendo o que é um colapso artístico).

Já passei tantas vezes ali e nunca havia percebido esse movimento. Provavelmente porque todas as outras vezes eu fazia parte da multidão, participava ativamente dela. Estranho.

Na volta, um acúmulo de muitas pessoas para entrar no trem que quando chegou me mostrou algo inusitado. Quando as portas se abriram, pessoas entraram correndo aflitas em busca de lugares para sentar. Lembrou-me muita a época em que eu e meus colegas de ensino fundamental corríamos assim que batia o sinal do intervalo para garantirmos nosso lugar ao sol na fila da merenda. Situações diferentes, é claro. Mas pareciam iguais. Claro que sei que as pessoas correram porque estavam cansadas de um longo dia de trabalho e aquilo era um esforço necessário. Mas foi engraçado pra mim. Mais engraçado ainda pois tenho certeza que faria o mesmo se estivesse ali perto da porta. Como não estava, tive de ir de pé todo exprimido pelas pessoas. Quase não consegui descer ainda por cima.

E o que mais me incomoda é que sei que pessoas passam por essas situações diariamente, já incorporadas a rotina. E eu ali, sem poder fazer nada. Sem ao menos saber o que eu poderia fazer.

Droga.

Um comentário:

  1. Não fique muito tempo sem escrever, sinto saudades de ler seus textos. Parece que lendo seu blog, tô perto de você, fazendo parte da sua vida. Estranho isso, né?

    ResponderExcluir