sábado, 4 de junho de 2011

Branca de Neve e os Sete Anões.

Minha primeira experiência com teatro se deu no ano de 2004, quando eu tinha 12 anos de idade. Foi uma apresentação pelos Patrulheiros Mirins de São Caetano do Sul no teatro da E.E. Joana Motta. Por sorte (ou não), eu havia sido selecionado para continuar no grupo que apresentaria a peça no final daquele ano.

Meu personagem era um dos sete anões (o anão 1). Um anão americano. Na verdade ele não era, mas o profº Francisco deixou eu transformar a nacionalidade dele. Ganhei até um chapéu vermelho diferente dos outros seis que usavam gorros. No dia da apresentação, cheguei a fazer um dos animais da floresta também.

A Bruxa tinha um sotaque nordestino. Branca de Neve uma voz de menina ingênua. O Príncipe era o mais alto e magro de todos e entrava em cena com um violãozinho de brinquedo. O Caçador tinha um sotaque de carioca a la Romário. Eu era o maior dos Anões. Haviam também anões gagos, fanhos...

Mas enfim, segue o roteiro da minha primeira apresentação de teatro, a quem possa interessar:



A CORTINA ABRE – ESTÁ EM CENA O ESPELHO E A BRANCA DE NEVE FAZENDO FAXINA. ENTRA A BRUXA.

BRUXA - Que dia... Áaaaa que dia agitado! Não existe nada como ser bela, linda, bonita, estonteante... Preciso sentar um pouco para descansar. (gritando) Branca de Neve, cadeira e descanso para os pés. Vamos rápido (batendo palmas em ritmo de marcha), rápido sua molenga!
BRANCA - Aqui está senhora.
BRUXA - Sempre com esta carinha branca, branquinha, espirrada... Parece até que não tem dormido direito. Está com sono?
BRANCA - Para dizer a verdade sim. Ou você me dá alguma ordem e tenho que passar a noite inteira acordada, ou aquele seu primo candidato a vereador fica me incomodando, falando de política e de um monte de coisas.
BRUXA - (Com olhar desaprovador) Não gosta da companhia de meu primo?
BRANCA - Não.
BRUXA - Não!?
BRANCA - Não é isso.
BRUXA - Bom. Assim está bom, vou dizer para ele ficar de olho em você.
(Entra o primo da Bruxa em cena)
ARIOSVALDO - Chamou, prima?
BRUXA - Chamei, Branca de Neve estava me dizendo que adora quando você não a deixa dormir para falar-lhe sobre política, então estou dando a minha permissão, pode falar a vontade, pode vir a hora que quiser, é só entrar e ir falando.
ARIOSVALDO - Nossa, Branca de Neve, não imaginava que fosse tanto!
BRANCO - Pois é!
ARIOSVALDO - Bom, como político que sou você sabe, quando eleito vou ajudar o povo, eu não preciso nem abrir os olhos para saber qual o problema do povo (a bruxa sai de cena), veja só, de olhos fechados: o problema do povo é saúde e eu tenho a solução! O problema do povo é violência, residência e falta de paciência com o imposto! (Canta) Muita coisa vai mudar (vai mudar) / muito dinheiro vou ganhar (vou ganhar) / para a saúde melhorar (melhorar) / para o emprego não faltar (não faltar) / Ariosvaldo vai te ajudar! / Ariosvaldo vai te ajudar! - BIS
(Ariosvaldo sai de cena pela direita jogando panfletos e Branca de Neve pela esquerda girando o corpo, fica apenas a Bruxa)

BRUXA - Só espero que o primo só azucrine a cabeça da Branca de Neve, eu é que não quero parente meu abobado por aquela cara de ovo! Tá olhando o que, Espelho?
ESPELHO - Nada!
BRUXA - Nada é peixe, peixe nada!
(A Bruxa se levanta e vai até o espelho)
BRUXA - Vamos, desembucha: Espelho, espelho meu, existe mulher mais bela do que eu?
ESPELHO - Sim, a cara de ovo, quero dizer: a Branca de Neve!
BRUXA - Fala sério. Vou perguntar só mais uma vez e não estou com graça: Espelho, espelho meu, existe alguém mais bela do que eu?
ESPELHO - A Branca de Neve.
BRUXA - Olha que eu te quebro, hein.
ESPELHO - Quebra! Quero ver quem vai te falar quem é a mais bela depois.
BRUXA - Você tem razão.
(Ambos saem de cena – Branca de Neve volta para o cenário)
BRANCA - (Canta)

(O Príncipe entra em cena e canta junto da Branca de Neve. A música termina e ambos saem de cena. A Bruxa entra)

BRUXA - Caçador! Ca-ça-dor-or!
CAÇADOR - Chamou-me, Rainha?
BRUXA - Sim. O Espelho insiste que a Branca de Neve é mais bela do que eu, quero que você a leve para um lugar distante na floresta e a mate.
CAÇADOR - Matá-la!?
BRUXA - Sim. E como prova irá trazer o coração dela nesta caixa para mim.
CAÇADOR - Mas minha Rainha...
BRUXA - Cale-se. Creio que você não quer morrer.
CAÇADOR - Não, mas...
BRUXA - Sem mas... Não quero nem choro nem vela (nem fita amarela!). Chame-a e leve-a agora mesmo.
CAÇADOR - Branca de Neve.
BRANCA - Chamaram-me.
BRUXA - Sim. O Caçador vai acompanhá-la para apanhar algumas flores para mim na floresta.
BRANCA - Que bom... adoro flores! Já estamos de saída.
CAÇADOR - Não.
BRUXA - Sim. Vão logo, pode ir...
(saindo de cena)

BRANCA - Veja, Caçador, quantas flores bonitas. São lindas. Não dá nem para escolher qual levar para o Castelo.
CAÇADOR - Creio que suas dúvidas terminaram.
BRANCA - Como assim?
CAÇADOR - Ora, Branca de Neve, não dificulte as coisas para mim... você sabe...
BRANCA - Não, eu não posso. Eu amo o príncipe!
CAÇADOR - Do que você está falando?
BRANCA - Do que você está falando?
CAÇADOR - Não.
BRANCA - Não?
CAÇADOR - (Mostrando a faca) Você não percebe a maldade, não é?
BRANCA - Nossa, Caçador, que olhos grandes!
CAÇADOR - É pra te enxergar melhor.
BRANCA - E que nariz enorme você tem!
CAÇADOR - É para te cheirar melhor.
BRANCA - E que orelhas enormes...
CAÇADOR - (Interrompendo) Pára com isso, estamos na Branca de Neve e os Sete Anões e não na Chapeuzinho Vermelho. Agora vai... Vai embora que a Bruxa quer lhe ver morta, fuja e eu a enganarei com uma bela piada.
BRANCA - Que piada?
CAÇADOR - Você sabe por que a Eliana foi presa pelo IBAMA?
BRANCA - Não...
CAÇADOR - Porque ela deu a perereca pro Maurício Mattar!

(Branca de Neve corre e sai do cenário, entra novamente, fica no chão, entra música e os animais se aproximam, ela acorda)

BRANCA - Olá.

BRANCA - Não precisam ter medo de mim. Sabem onde eu posso ficar?

(Os animais conduzem Branca de Neve até a casa dos sete anões)

BRANCA - Nossa, que cadeirinhas. Aposto que são de crianças. E crianças bem desleixadas, vejam só, que sujeira. E a mãe delas, não limpa a casa? Ah, pobrezinhos, devem ser órfãos. Vamos, me ajudem a limpar a casa.

(Limpam o cenário)

BRANCA - Nossa, eu estou cansada. Que sono. Vamos ver como é lá em cima e talvez tenha uma cama para eu dormir um pouco. (Sai de cena)

ANÃO 1 - Oh, My God! Nossa casa está acesa!
ANÃO 5 - Deve ser um dragão.
ANÃO 7 - Não, deve ser um fantasma!

TODOS - Ai!

ANÃO 2 - Vamos entrar e ver o que está acontecendo.
ANÃO 3 - Você na frente. (puxando o Anão 2)
ANÃO 4 - Vocês perceberam que a casa está limpa?

TODOS - Sim.

ANÃO 6 - Onde será que está o dragão?
ANÃO 1 - Yes! Deve estar lá em cima, no nosso quarto.
ANÃO 3 - Quem vai subir lá?

TODOS - Você. (apontando para o Anão 2)

TODOS - Como ele é?

ANÃO 2 - É enorme e está dormindo nas nossas camas.
ANÃO 1 - Vamos pegá-lo, baby!
TODOS - Vamos!
ANÃO 1 - Peguemos nossas armas de laser americano.
TODOS - Que armas?
ANÃO 1 - Yes! No armas, usemos nossos punhos mesmo.
TODOS - É! (Saem do palco e voltam correndo de medo, logo em seguida entram em cena com a Branca de Neve)

BRANCA - Acalmem-se, não queria assustá-los.
ANÃO 3 - Quem é você?
BRANCA - Sou a Branca de Neve.
ANÃO 4 - A princesa?
BRANCA - Sim.
ANÃO 5 - Como veio parar aqui?
BRANCA - A Rainha mandou o caçador me matar, mas ele mandou que eu fugisse e os animais da floresta me trouxeram até aqui.
ANÃO 7 - A Bruxa, quero dizer, a Rainha vai vir atrás de você?
BRANCA - Não, ela acha que estou morta.
ANÃO 1 - A Bruxa sabe de tudo, ela vê tudo. Ela é muito má (e é parente do Bin Laden), certamente virá atrás de você. Irmãos, ela não pode ficar aqui, ou vão jogar aviões em nossa casa!
TODOS - Pode.
ANÃO 1 - No!
BRANCA - Ah! Vai, deixa eu ficar.
TODOS - Pode ficar.
BRANCA - Posso?
TODOS - Pode.
ANÃO 1 - Isto não vai dar certo, baby.
ANÃO 1 - Let's go, estamos atrasados para o serviço nas minas.
ANÃO 2 - Branca de Neve, preste muita atenção, não deixe ninguém entrar na casa, a Bruxa pode tentar matá-la, fique aqui dentro e estará segura.

TODOS - Sim, fique em casa.

BRANCA - Fiquem tranquilos, eu estarei bem. Agora vão trabalhar que irei preparar uma torta.

TODOS - Oba, torta!

TODOS - Eu vou, eu vou, pra casa agora eu vou, parara-tim-bum, parara-tim-bum... – BIS


BRUXA - Espelho, espelho meu, existe alguém mais bela do que eu?
ESPELHO - Você não desiste, hein?!
BRUXA - Não estou querendo um crítico, vamos, responda, existe?
ESPELHO - Sim.
BRUXA - Não!
ESPELHO - Sim!
BRUXA - Quem?
ESPELHO - A Branca de Neve.
(A Bruxa empurra o espelho para fora de cena)
BRUXA - (Pegando um livro) Agora sim. Vou fazer o que já deveria ter feito há muito tempo. Deixe-me ver. Ah! Maçã enfeitiçada. (Suscitando) Contra-indicação: o enfeitiçado só despertará da morte com um beijo de amor. (Pausa) Não haverá tempo para um beijo de amor, os anões pensarão que ela estará morta e a enterrarão viva. (Ri) Primeiro eu preciso de um disfarce.
(Sai de cena e volta)
VELHA - Com este disfarce de velhinha, a Branca de Neve jamais me reconhecerá, deixará eu entrar na casa dos sete anões enquanto eles trabalham e comerá está maçã envenenada. (Sai de cena, entra Branca de Neve se despedindo dos Anões que estão indo trabalhar. Velha fica observando pela entrada da coxia os anões irem embora, quando o último anão sai de cena, ela entra)
VELHA - Bom dia.
BRANCA - Bom dia.
VELHA - Que bela moça você é.
BRANCA - Obrigada.
VELHA - O que está fazendo?
BRANCA - Vou fazer uma torta.
VELHA - Torta do que?
BRANCA - Pêssegos.
VELHA - Por que não faz de maçãs? Veja esta maçã que tenho comigo.
BRANCA - Ela parece muito apetitosa. (Os animais aparecem no cenário)
VELHA - Mas ela não é só saborosa, ela é mágica.
BRANCA - Mágica?
VELHA - Sim. Ela realiza qualquer pedido e você parece ter um pedido.
BRANCA - Sim.
VELHA - Em consideração à sua beleza, não vou cobrar, vou lhe dar esta maçã. Vamos, faça um pedido.
(Branca de Neve pega e morde a maçã. Quando ela cai os animais saem para buscar os anões. Sobe a cortina. Os anões estão cantando e os animais chegam e os arrastam para casa. Eles saem de cena, perseguem a Bruxa e a Bruxa morre. Eles estão velando a Branca de Neve até que o Príncipe aparece cantando).

PRÍNCIPE - Oh Branca de Neve, meu coração está parado como está o teu, não haverá amor em mim sem ti. (beija a testa de Branca de Neve)
BRANCA - (acordando) Ó meu Príncipe, você quebrou o feitiço.

ANÕES - Ele quebrou o feitiço. OBA!

ANÕES - Hei, hei, o Príncipe é nosso rei! (Saem todos de cena e em seguida retorna todo o elenco para agradecer ao público)

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