terça-feira, 10 de maio de 2011

O tempo não pára.

Segunda-feira, 9 de maio de 2011. Hoje se completam exatos cinco meses que não ouço e não vejo o tom de voz e o brilho dos olhos da minha especial amiga Milena. Agradeço porque já perdi outros amigos por muito menos tempo. Esse tal de tempo não se resume ao passar dos ponteiros do relógio, infelizmente. Ele implica em muito mais coisas, boas e ruins. E, além de relativo, o tempo passa diferente para cada um de nós.
O tempo deve passar muito mais rápido para minha cachorra, por exemplo. O seu balançar de rabo e sua euforia denunciam isso toda vez que volto da faculdade. Com certeza, as quase 6 horas que passo fora devem significar uma verdadeira eternidade para ela.
E com certeza o tempo deve passar diferente para quem namora (casais contam até os meses em que estão juntos). O conceito de aniversário deixou de ser anual para ser comemorado mensalmente. Digo isso porque fui afastado de muitos amigos, com o passar do tempo, pois estes começaram a namorar. O tempo para quem namora se resume a estar ou não ao lado da pessoa que se ama (estando do lado, passa muito rápido, não estando, nem passa). E sei lá, o tempo pra quem está do lado de fora do vórtex temporal do amor parece passar indiferente a tudo isso.
O passar do tempo me dá medo. Lembro-me de meus tempos de criança em que eu tinha medo de crescer. Aquela criança devia ser muito sábia. E daquela criança que prometeu nunca deixar de gostar de desenhos animados, hoje, resta muito pouco.

Sabe, tenho amigos hoje que já eram meus conhecidos de antigamente. Mas nós mudamos. Essa tal metamorfose ambulante mudou nosso físico, nossos valores, nosso modo de ver o mundo. Sério, pra mim são pessoas completamente distintas. Eu me incluo nisso também.

Fuçando em coisas e postagens antigas do Orkut, uma sensação de não me auto-reconhecer. 'Como pude mudar tanto meu modo de escrever?'; 'Realmente eu achava isso engraçado?'; 'Que gíria babaca é essa?'. Falando em vícios de linguagem, com certeza em um futuro próximo irei rir do modo como eu uso o 'né' e o 'tals' demasiadamente hoje em dia.

Antigamente eu queria ser jornalista. Depois passei a ter certeza que queria ser psicólogo. Hoje, já não tenho mais certeza de nada (estou cursando Economia?).

O tempo me fez ter uma sensação muito estranha ao falar com pessoas que não vejo ou não converso com a mesma freqüência de outrora. Fui falar com uma amiga da 8ª série que eu conversava quase todos os dias e ela simplesmente foi meio rude comigo. E não a culpo, sei lá. O tempo passou. De fato, não éramos as mesmas pessoas daquela 8ª série. Nossos assuntos não poderiam ser os mesmos. Teríamos de recomeçar praticamente do zero se quiséssemos restabelecer contato.

Acho que todo mundo deve ter um amigo com a qual conversava muito, ia na casa dele, ele na sua, e por ventura do destino (e do tempo), vocês hoje não se falam mais. Antigamente eu achava que essas 'rupturas' eram causadas por mudanças de cidade, de escola. Mas hoje vejo que não. O tempo me desensinou isso.

Li em um livro que daqui vinte anos seremos formados por células completamente diferentes das que possuímos agora. Literalmente (e cientificamente) seremos pessoas diferentes. Talvez isso explique algumas coisas.

Pergunto-me: Será que sou a mesma pessoa que iniciou esse texto? Será que a pessoa que está lendo isso ainda se mantém igual desde o "Segunda-feira, 9 de maio de 2011."?

Só posso afirmar que o menino que brincava de Super Patos desapareceu. Quem está escrevendo esse texto em breve desaparecerá. E o mais engraçado é que essas micro mortes não doem nada, pois vão acontecendo aos poucos. Pelo menos, as lembranças continuam (mesmo parecendo histórias vividas por pessoas diferentes do meu eu de agora).

Enfim, o tempo se foi. O texto está encerrado. Embora eu ainda tivesse muita coisa a dizer.



Nenhum comentário:

Postar um comentário