sexta-feira, 6 de maio de 2011

Cartaz.

Terça-feira, dia 12 de abril de 2011. Na noite anterior, mais uma discussão com a Luana. Nesse dia, mais uma apresentação de seminário na UFABC. E mais uma vez, quis fazer algo diferente. Mas, para meu infortúnio, a apresentação seria na 1ª aula, ou seja, poderia ser já às 8h da manhã. Ou seja, nada de chegar atrasado como eu faço geralmente 101% das vezes. E é aí que começa a primeira aventura do dia: chegar à facul às 8h. Dei uma aceleradinha na hora de pentear (leia-se 'arrumar com a mão') o cabelo e fui rumo ao ponto de ônibus. Chegando lá, vi meu ônibus indo embora diante de meus olhos. Pqp, e agora? Se eu fosse esperar outro ônibus ia acabar chegando atrasado como sempre. E de certa forma eu nem estava ligando para o seminário em si, mas sim para uma mensagem que eu queria passar pra Luana durante a apresentação (lembre-se que ela ainda estava chateada comigo). Um pouco antes de discutirmos na noite anterior, eu disse que iria chamá-la durante o seminário para ela me ajudar a segurar um cartaz.

Voltando ao momento do ônibus, tive a grande idéia de correr e tentar pegar o ônibus no farol (aproveitando que o trânsito no horário de pico é uma grande merda). Corri, corri, mas não deu. O ônibus já havia passado do farol. Mas eu e minha visão periférica percebemos que o ônibus ainda estava travado no trânsito. Era a minha deixa: corri mais um pouco, entrei no meio da rua congestionada (torci pra nenhuma moto me atropelar), apareci em frente ao ônibus, dei uma conferida no letreiro pra saber se era o busão certo e bati na porta. O motorista, gente fina, abriu a porta e eu entrei no ônibus (fuck yeah!). Primeira dificuldade do dia superada com estilo.

Minha parte da apresentação era a introdução do tema “Saúde na Amazônia”. O tal cartaz que eu iria utilizar era, na verdade, um mapa do Brasil que eu deixaria escondido com a Jennifer (quem nem é da sala) e que estava acompanhada da Bruna (que nem era da sala também), mas que iriam, excepcionalmente, assistir a aula na minha turma naquele dia (a um pedido meu).

A apresentação começou. Fui me apoiar na cadeira pra passar uma sensação de relaxamento, mas a cadeira virou e eu quase caí. Todos riram, logicamente. Alguns até acharam que foi de propósito. Após iniciar o meu tema e parar no slide que mostrava um mapa não muito detalhado da região amazônica, fui em direção ao meio da sala e disse que seria interessante se alguém da sala tivesse um mapa do Brasil naquele momento. E eis que a Jennifer tira um mapa da bolsa (risos). Nada combinado, claro. Mas agora vinha a parte de eu chamar voluntários pra segurar o tal ‘cartaz’ (lembra?). Disse para a sala que queria chamar uma pessoa que eu gostava muito e que era muito importante pra mim, mas que a vida não era um jogo de palavras cruzadas onde tudo se encaixa, e então era melhor chamar outras pessoas para me ajudar a segurar o mapa. Mesmo gaguejando de nervosismo eu consegui passar a mensagem para minha doce amiga de olhos de amêndoa (pena que estava desconcentrado demais a essa altura para fazer isso olhando diretamente pra ela).

Continuando a apresentação, chamei a Bruna e o Marcelo para me ajudarem a segurar o mapa. A sacada dessa parte era que eles eram (ou ainda são, não sei) um casal sensação do verão, digamos assim. O Marcelo até se recusou inicialmente a ir, mas fiz a sala o obrigar.
Depois, vinha a parte em que eu fazia algumas perguntas para a turma. Durante a primeira das questões, atravessei parte da sala a procura de alguém em que pudesse por a mão no ombro e fazer a pergunta. Todos eles me olharam com uma cara de ‘sai daqui, diabo!’ Fiz a pergunta para o ar mesmo.
Na segunda pergunta, fui em direção a Jennifer. Ela aceitou bem e quando tentou reagir à pergunta eu disse: “Você sabe a resposta? Eu não sei. Mas será respondido logo a seguir.” Repeti o processo com o Deco na terceira pergunta.
Na quarta e última questão, já que estava no inferno, resolvi abraçar o diabo. Fui em direção a professora. Fiz a mesma coisa que dos dois anteriores, só que ela não reagiu bem. Ela disse que esperava que as perguntas fossem respondidas antes do tempo do trabalho terminar. Tapa na cara. A classe riu de mim e até postaram no Twitter.
Encerrei minha parte e, pra meio que quebrar um pouco essa de ficar paradão de pé durante os seminários, resolvi sentar. Conversei um pouco com as meninas.

Fim do trabalho.

And if the band you're in starts playing different tunes
I'll see you on the dark side of the moon.


Mas a coisa parece realmente ter saído do controle mesmo. Durante a apresentação me desconcentrei demais ao perceber que estava fazendo as coisas no lugar errado. Aqueles alunos não eram uma platéia, eu não era um artista, era um aluno apenas. Eu havia conseguido atenção, mas saiu do controle. Admito que errei ao fazer isso.
Ainda bem que não consegui colocar as músicas bregas da Amazônia que eu havia levado (tinha até uma do rei Roberto Carlos). E ainda bem que a Jennifer não aceitou fingir que era uma professora de Geografia da USP que iria invadir minha apresentação após eu atender meu celular durante minha apresentação.
Um dos membros do meu grupo ficou revoltado, disse que o que eu havia feito era babaquice e que eu não havia avisado ninguém que iria fazer aquilo (não falou diretamente pra mim, me contaram depois). O Rafael filósofo até me defendeu, pois sabia que era o meu jeito mesmo e que eu sempre fazia aquilo, quase sempre, de surpresa. Até porque se eu avisasse antes, não iriam deixar.
Aparentemente, eu não agradei ninguém com a apresentação. Estava até com medo de a professora abaixar nossa nota por minha causa. Não ligava por mim, mas pelos outros do grupo (mesmo o que falou mal de mim). Talvez as únicas pessoas que gostaram foram as próprias Jennifer e Bruna. Curiosamente, nesse dia passamos boa parte do tempo tirando fotos malucas e toscas. Elas nem sabem, mas eu que já estava triste por sentir que estava no lugar errado, no curso errado, na faculdade errada, me senti bem melhor com a presença extrovertida delas no resto daquele dia.
Muito obrigado as duas.

Ah, e depois falei com a Luana pra ver se ela havia entendido a mensagem. Ela disse que sim, mas que não lembrava o que eu havia dito. ¬¬'

As notas saíram dias depois. Meu grupo tirou a pior nota dentre todos. Pra completar, a professora me penalizou e me deixou com nota menor em relação à nota do resto do meu grupo. Troquei farpas com ela por e-mail:

Prezada prof. dra. Vanessa,

Antes de tomar qualquer atitude precipitada, gostaria de saber quais foram os critérios de avaliação do trabalho final de Território e Sociedade e porque somente a minha nota é diferente da dos demais de meu grupo. Sendo que uma eventual avaliação individual dentro dos grupos não ocorreu com os demais colegas de classe.

Atenciosamente,

Rondinely Lima.



Rondinely,
Voce foi o unico aluno da classe que nao apenas nao respeitou a
apresentacao dos demais trabalhos, como tambem nao respeitou a
apresentacao do seu proprio grupo, falando o tempo todo durante a
apresentacao dos seus colegas. Lembre-se que a turma foi avisada no
inicio do curso de que haveria uma nota de participacao.
Atenciosamente,
Vanessa Elias de Oliveira


Prof. Vanessa,

Respeito seu critério de avaliação da nota de participação de todo o quadrimestre se resumir apenas a um dia de apresentação de trabalhos. Lembrando que houve um grupo a se apresentar antes de mim (sim, nesse eu fiquei conversando sobre como iria apresentar, caracterizando falta de respeito segundo seus critérios). Na de meu grupo, lembro de ter sentado ao invés de ficar de pé (admito ter conversado, mas bem menos do que na apresentação do grupo anterior, exatamente por seu meu grupo ali e isso poder desconcentrá-los). Na apresentação do terceiro grupo, não conversei com ninguém. Na quinta-feira, quando os demais grupos se apresentaram, eu faltei. Foram 5 grupos ao todo, se não me engano. Mas a sra. generalizou que eu não respeitei os demais trabalhos, então não há como contestar, faz parte do pensamento científico generalizar o todo a partir de amostras.


Atenciosamente,

Rondinely Lima.



Ela não respondeu, logicamente. Continuei com 6 e meu grupo com 7. Se tivesse tirado 7, fecharia com C e não com D. Será que ela fez de propósito?


Da esquerda para a direita: Bruna, Rondinely e Jennifer.

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