sexta-feira, 18 de março de 2011

Todo carnaval tem seu fim.

Sexta-feira, 11 de março de 2011. Depois de descobrir que haveria uma van gratuita que levaria de graça o pessoal das estações Tietê ou Barra-funda até o sambódromo, decidi ir com o Gabriel ver o Desfile das Campeãs do Carnaval de São Paulo.

Ao ir até o ponto de ônibus, um ligeiro imprevisto, pois um dos ônibus que poderia nos levar até a estação de São Caetano passou diante de nossos olhos antes de conseguirmos atravessar a rua. Mas tudo bem.
Entramos no bar e compramos duas cocas (o refri).
De volta ao ponto, outro ônibus que poderia nos levar até a estação se aproximava. A mulher que estava com a gente no ponto deu o sinal. Só que a vadia ao ver que ela tinha dado sinal para o ônibus errado, dispensou-o antes dele parar. Ou seja, o ônibus passou direto e não entramos nele.
Depois de concluir brilhantemente que havíamos perdido dois ônibus, decidimos ir a pé até a estação. Fiquei até pensando se não era alguma espécie de sinal do destino para não irmos até o Carnaval (sei lá, putaria, torcidas organizadas de futebol e etc.). E, de fato, perder os ônibus foi obra do destino, só que por uma causa mais nobre.

No caminho, um homem me puxou pelo braço e pediu para ajudá-lo. Era um enfermeiro pedindo ajuda para levar uma maca com uma paciente bem senhorinha até dentro de sua casa. Aceitei, obviamente.
O caminho até sua casa era estreito, cheio de escadas. Mas conseguimos. O problema maior foi já dentro de sua casa. Pois até sua cama havia um outro lance de três degraus de escadas. O enfermeiro disse que era impossível levar a maca pesada até lá. A saída encontrada foi levar a pobre senhora diretamente pelo lençol que forrava a maca. Foi bem tenso essa parte, pois se algum de nós soltasse, Deus o livre o que poderia acontecer. Levar a senhorinha desse modo fez a mesma chorar de dor, pois meio que sua coluna entortava quanto mais subíamos as escadas. Mas deu tudo certo. Depois de agradecimentos dos familiares, do pessoal da ambulância e de um senhor com crianças na calçada que perguntou se só estávamos passando pela rua naquele momento da ajuda, seguimos nossa viagem até o Anhembi novamente. Agora felizes por saber o quão tínhamos sido úteis naquela noite.

Já na estação Barra-funda, precisávamos encontrar onde se pegava a senha para poder embarcar na van gratuita. Passamos pela catraca para nos informarmos melhor. E ao obter a informação, descobrimos que só poderíamos pegar a senha antes de passar da catraca. Pensei: MAS QUE PUTARIA DESGRAÇADA É ESSA?! Mas o cara das senhas foi camarada e abriu uma 'exceção'.

Na van, umas senhoras e um pessoal com pinta de ter muita grana. Tudo corria bem até entrar umas bichas loucas que sentaram atrás da gente. E gritavam. E dançavam. E faziam piadinha. E riam. E gritavam. Não que eu seja homofóbico, mas não ligaria nem um pouco se o Hitler matasse todos eles ali.

Já no Anhembi, uma tristeza pela imensa falta de organização da empresa que vendia os ingressos. As filas estavam gigantescas até mesmo pra quem havia comprado ingresso pela internet e só iria retirar na bilheteria. Estava tão ridícula a situação que trocamos de fila muitas vezes por não saber qual era a certa. E nem os guardas sabiam.

Depois de finalmente encontrar a fila certa, uma pequena espera de pouco mais de duas horas. Enquanto isso, observava os gringos e os burgueses do lugar. Depois de dez minutos já havia enjoado de observar. Passei a tentar me alienar no celular.
Antes da reta final da fila, o Gabriel havia comentado que se alguém oferecesse dinheiro pra ele comprar ingresso, ele aceitaria. E não é que quase isso aconteceu?
Na reta final da fila, umas senhoritas de fora da fila me cutucaram pelo braço (provavelmente por eu ser alto e bonitão, pensei). Perguntaram se eu poderia comprar o ingresso pra elas e depois disseram que ofereceriam um dinheiro em cima. Aceitei sem pensar. Pau no cu da ética e da moral, o importante era a grana para o hot-dog naquele momento. E deu tudo certinho e sem erros. Ganhei 40 reais e dividi com o Gabriel. Como o nosso ingresso custava 25 reais, era como se tivéssemos pago apenas 5.

Após andar um bocado pra encontrar a entrada e após muitas pisadas em cocôs de cavalos policiais, finalmente entramos. Já passara da meia-noite no relógio.

A ordem dos desfiles havia sido alterada a pedido do poder público para que os cabaços de torcidas organizadas não acabassem com o espetáculo como já fizeram em 2003. http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u69548.shtml

Perdi o desfile da Dragões da Real (ligada ao saudoso Tricolor do Morumbi).
Quando finalmente conseguimos nos ajeitar, quem estava na passarela do samba era a Gaviões da Fiel (ligada aos gambás da Marginal Tietê s/nº). Não tirei foto alguma deles, galinhas arrombadas do caralho. Mas das outras escolas tive muito prazer em tirar. Até mesmo da Mancha Verde (ligada as porcas) tirei uma.

Enquanto o desfile das escolas ia avançando, mudei quase que drasticamente minha visão preconceituosa e escrota do carnaval que eu tinha antes. Havia muita gente séria envolvida, incluindo crianças e senhoras de idade. Uma mescla de elementos e conhecimentos como teatro, música, arquitetura, engenharia, logística, artes plásticas, artes visuais... e até mesmo pequenas dançarinas de ballet.
E o pessoal que estava assistindo ao desfile era bem diferente dos manos abas retas com celular tocando funk que havia no carnaval de São Caetano.
Estava feliz por finalmente ter encontrado um lado belo e cultural no Carnaval.
Até cogitei me envolver em alguma parada assim no futuro, hehe. A escola que eu mais gostei de ver foi a Acadêmicos do Tucuruvi que ficou com o 2ª lugar. Achei muito legal o tema deles e cantei demais o refrão “Sou cabra da peste, vim lá do Nordeste, São Paulo é minha capital”.

Antes do desfile da Mancha Verde (que mesmo ficando em 4º lugar, foi a penúltima a desfilar), um momento de reflexão. Um dos membros da escola criticou o poder público pelo excesso de rigor da polícia. Disse que tinha vergonha da situação pois sua família estava presente e que ali havia gente séria, trabalhadora e não bandidos. Foi aplaudido. E realmente tudo que ele falou fazia sentido. Fiquei pensando o que eu faria se estivesse no lugar do poder público: pecaria pelo excesso ou pela omissão? Concluí que era melhor ouvir reclamações com todo mundo vivo do que ouvir reclamações com gente morta e/ou ferida.

Voltando a vida real, o cara da Mancha Verde continuava a falar. Acho que ele se empolgou com os aplausos. Bem, ele se fodeu porque a galera pouco a pouco começou a vaiar por ele estar atrasando o reinício do desfile.

Já era de manhã quando a campeã Vai-Vai entrou na avenida. Curiosamente, era a única escola ali patrocinada. Pela Brahma. Claro que ela foi campeã justamente...
Durante o desfile da campeã 2011, uma vadia começou a dançar do meu lado. Como ela era meio gorda, me afastei.

Na volta, uma outra bicha quis fazer graça por causa da minha camisa do Bart Simpson. Se existiu outra vida, eu devo ter dado muita porrada nesses boiolas, porque olha... eles me perseguem.

A logística das vans da EMTU que nos levou de volta era quase que perfeita. Mesmo com a fila imensa, não paravam de chegar vans. Parabéns mesmo. Só acho filha-da-putagem isso só ocorrer naquele momento porque havia gente rica ali. No dia-a-dia, tenho de cheirar sovaco alheio no busão lotado.

Mas enfim, estávamos indo de volta pra casa. Era sábado de manhã e eu tinha aula. Realmente eu cogitei ir, mas não ia prestar. Achei mancada com a Deyse, mas depois descobri que ela não foi também. HAHAHA, tudo destino. E viva ao carnaval.


Um comentário:

  1. muito boa a história. E legal saber que pelo menos uma foto da Mancha foi tirada haha

    ResponderExcluir