terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Que só quando cruza a Ipiranga e a Av. São João.

Dia 24 de janeiro de 2011. Eliezer me convidou, por telefone, pra jogar bola no Chico Mendes com o Gabriel. Sem ser de improviso dessa vez, não precisei jogar com calça jeans e esses adendos que só fodem na hora em que a bola está rolando. Fui no estilo rondineliano de praticar esportes: calça de pescador, tênis de mola e camisa falsa da seleção brasileira de 2006. Estava quase um Jeca-tatu.

Do jogo, a parte interessante é que nos esforçamos muito, demos raça. Era eu e o Gabriel de um lado e Eliezer (que sabe jogar) e um outro moleque (que também sabia jogar) do outro. Perdemos de 10 a 9. Mas perdemos de pé, demos raça. Tipo o Uruguai na Copa.

Na volta, comentei que à meia-noite haveria uma caminhada noturna pelo centro de São Paulo em comemoração ao aniversário da cidade. O tema era “Caça-fantasmas”.
O Eliezer não poderia ir pois ele trampa em São Caetano, vida normal de trabalho pra ele na terça. Mas eu e o Gabriel fomos.

Eram 23h quando pegamos o ônibus até a estação. Tínhamos menos de uma hora para chegar no evento. Lembrando que era um caminho sem volta pois o metrô fecha a meia-noite durante a semana. Era ir e dar certo ou ir e dar certo. Sem outras opções. Mas como estou numa vibe Engenheiros do Hawaii “nós não precisamos saber pra onde vamos, nós só precisamos ir”, foi tranquilo da minha parte. Entre uma corrida e outra, chegamos a tempo.


Dia 25 de janeiro de 2011.

Já era aniversário de uma das mais belas cidades do mundo: São Paulo. 457 anos, parabéns! Quem já ouviu a famosa canção do Caetano, sabe o que eu quero dizer.

A caminhada 'caça-fantasmas' só iniciou por volta de meia-noite e quinze.
Tinha bastante gente, fomos escoltados pela GCM durante todo o trajeto, estava bem organizado.
Mas de histórias de fantasmas, havia muito pouco. Mas deu pra aprender MUITO sobre a história da cidade.
Um guia-turismo ia explicando as histórias dos prédios e monumentos históricos. Oportunidade única de ficar babando com a arquitetura da praça da Sé sem ser roubado. Que igreja era aquela, puta que pariu. Entre catedrais, prédios e etc, que me deixaram de queixo caído, alguns fatos interessantes.

Durante todo o percurso, haviam muitos mendigos dormindo em cantos e esquinas. E eu ali, caminhando com a burguesia branca. Um casal até estava caminhando com taças de vinho nas mãos. Chique nur último!
Um dos mendigos pediu um pouco da água de uma das senhoras burguesas. Ela disse que não ia dar pois ele não sabia o quão foi suado pra ela conseguir aquela água. De fato, o único comércio que estava aberto durante a caminhada foi um simples armazém. Passamos por ele depois de muita batida de perna mesmo. Mas porra! Estávamos ali a passeio, porque queríamos. A tiazinha disse que aquela água foi suada de conseguir como se ela tivesse trabalhado MUITO pra poder comprá-la. Vá se foder.

Outro acontecimento interessante foi um moleque dirigindo um carro, com várias garotas dentro, pagando de paquitão na rua. Se fodeu, porque um dos guardas que estava nos escoltando deu enquadro nele. Bem feito, se o carro não era dele (o moleque parecia um pivete boyzinho) ele tomou no cu.

O passeio acabou por volta das 4h da manhã. Havia gastado o dinheiro da passagem da volta com um hot-dog assassino de duas salsichas durante o percurso. Mas era só ir sacar no banco... HA-HA, me fodi, porque nenhuma agência por ali dava pra sacar. Por 'n' motivos diferentes.
Um dos organizadores do evento, era dono (acho) de um restaurante vegetariano. Ele convidou a todos a 'fazer um xixi' em seu restaurante. Mas o cara era firmeza (mesmo me chamando de 'magrão') (mas 'magrão' é melhor que 'gordão' vai..) e ofereceu sopa e alguns quitutes (vegetarianos). Em troca, ele pediu pra contribuir com quanto pudéssemos pra caixinha dos funcionários que prepararam a comida. Eu e o Gabriel não tínhamos grana mas como ele disse 'paga se quiser, e quanto puder', então tomamos um pouco das sopas.
Mas que merda era aquela sopa de mandioca?! Nunca serviria pra ser vegetariano mesmo.

Fomos embora em direção ao metrô. Era por volta das 5h da matina já. O único jeito de ir de volta pra casa era o Gabriel passar o Bilhete Único dele e eu esperar meia-hora do lado de fora da catraca pra passar também. E assim o fizemos. Como havia um pequeno espaço em que podíamos nos comunicar ali, foi menos pior aquela meia-hora.

Conversamos e tal e só 10 minutos haviam passado naquela porra. Decidi ouvir meu mp3 e colocar Stairway to Heaven do imortal Led Zeppelin para ouvir, pois a canção tem quase 10 minutos e o fim dela significava que o fim daquela situação tosca estava perto do fim também. Depois disso ouvi um pouco de Engenheiros. Mas antes de passar o cartão cheguei até a tomar uma cantada de um viadinho. Aliás, vários casais de viados passaram enquanto a gente estava lá, devia estar tendo alguma balada gay ali perto.

Deu até pra pensar em como o sistema capitalista era uma merda. O Mc Donalds e o Habib's estavam abertos aquela hora, ou seja, eu poderia comprar um milhão de lanches e bebidas suculentas no cartão mas não poderia comprar a merda da passagem da volta.

A meia hora havia se passado e eu consegui passar pela catraca. Fomos embora.

Ao chegar em São Caetano, passei no banco pra sacar dinheiro pra voltarmos de ônibus, já que estávamos dormindo em pé já. E olha que legal: o Banco do Brasil em São Caetano é 24h. HAHAHA, se foder.

Mas foi uma experiência e tanto. Desse dia levo comigo a experiência, o conhecimento, a amizade e minha reverência por Led Zeppelin exaltada.

Um comentário:

  1. hahahaha
    cara vc é foda mesmo, coloca humor em td...
    mas foi uma noite e tanto eihn?! são essas aventuras q levamos na memória, e a oportunidade de conhecer a cidade e as pessoas com outros olhares, muito bom!
    abraço

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