Ano novo, vida nova.
Meu segundo ano de UFABC e está na hora de eu tomar um rumo nessa história.
Mas antes, uma retrospectiva 2010 sobre esse meu primeiro ano de federado:
Depois de um Enem desgastante e, pela primeira vez, em novo formato, veio o mais desgastante ainda Sisu. Após perder noites de sono esperando as atualizações das notas de corte que sempre eram atualizadas às 6h da manhã, a grande notícia: estava na federal!
Dias depois, iniciou-se o processo seletivo para as bolsas do Prouni em que eu consegui uma bolsa para cursar Psicologia. Entrei em um dilema para decidir meu destino.
Decidi então me matricular na Puc e estudar Psicologia em período integral com os boyzinhos maconheiros.
Porém, a estrutura do campus da Puc me decepcionou: prédio arcaico e caindo aos pedaços. O tratamento IMENSAMENTE burocrático na hora de conferir documentos me fez ir lá mais de uma vez e esperar muitas horas para ser atendido. Enquanto esperava exaurido pra ser atendido, um senhor que estava lendo um livro de filosofia ergueu o tom de voz e nos sugeriu que reclamássemos na ouvidoria (todos nós) pois não poderíamos ser tratados como animais daquele jeito. Meus olhos brilharam, extremamente revolucionária a atitude do sujeito. Mais um tempo depois, ouvi este mesmo homem conversando, com outra pessoa da fila, que havia tentado ingressar na UFABC mas que não conseguiu por causa da imensa concorrência. Rasgou elogios a universidade. E eu que já estava puto com o modo que a Puc me tratara de cara e com a boa imagem que tinha da UFABC, resolvi mandar tudo pra puta que pariu e ir embora. Meu destino era ser um homem de verde (e é claro que não estou falando do exército). Ao escolher a UFABC, teria mais facilidade com relação a transporte e dinheiro. Poderia, de quebra, terminar meu curso técnico e fixar meu projeto do teatro da minha escola do ensino médio.
E o dia 24 de maio havia chegado. Meu primeiro dia como universitário. E em uma das maiores universidades públicas do país! Era um dia tão especial que até hoje não lembro bulhufas dele. Ou até lembro: aula de informática em um sala comum de aula e depois aula vaga de Bases Matemáticas.
Durante um mês e meio eu não podia me dedicar muito a universidade pois estava terminando o último semestre de meu curso técnico em Logística. Mas deu pra me divertir um pouco no começo. Tirei cartas da manga e bebi café em seminários.
E até cometi um bullying sem querer:
Desde o dia em que eu liguei minha web-cam usando a máscara do Pânico para minha colega de sala Marina, iniciamos uma perseguição de brinks. Mandava bilhetinhos e sms's durante a aula com temas do tipo “Eu sei o que você fez no verão passado”, por exemplo. E um belo dia, eu decidi brincar de 'O Chamado'. A ideia nasceu consistindo em entregar um buraco desenhado escrotamente em uma folha de papel, mas foi evoluindo até a gravação de um dvd com o vídeo 'amaldiçoado' exato contido no filme (como no filme era um vhs, achei que ficaria engraçado um dvd). Pedi ajuda a outra colega de sala, a Flávia.
O plano era ela me passar o endereço do apartamento que elas dividem em São Bernardo pra eu endereçar a carta que continha o dvd. Depois eu deixaria a carta com a própria Flávia que iria 'achar' a carta perto da porta do apê delas e entregá-la a Marina. Nesse momento haveria uma twitcam e uma galerinha assistindo a tudo. A intenção era que quando ela visse o dvd, eu ligasse para dizer: “sete dias”.
Acontece que a reação dela (Marina) foi totalmente inesperada. Ela entrou em desespero ao ver o vídeo e caiu aos prantos. E nem consegui ligar porque alguém que estava assistindo a twitcam entrou na frente. De qualquer forma, a Marina ficou chateada e o que era pra ser uma brincadeira tornou-se constrangedor. Se soubesse que ela ficaria daquele jeito, não teria feito. Minha relação com a Marina sempre foi boa mas constantemente estamos discutindo por coisas tolas e ironias mal compreendidas. Chegou a ficar normal esses “tô de mal” entre a gente, hahaha.
A Flávia é uma pessoa sensacional também. Talvez o problema dela é ser bonita demais, e legal e gentil demais com as outras pessoas. E é bem capaz que ela reconheça isso.
No segundo quadrimestre, saí do fundo da sala e sentei mais próximo a porta. Deixei um pouco de lado a dupla Marina e Flávia e acabei conhecendo uma dupla que até então nem existia pra mim: Deyse e Luana. A Deyse eu até já conversava antes mas tudo com a Luana era inédito.
O dia do “X-Games” talvez tenha sido o dia mais divertido do quadrimestre pra mim. Quase toda a galera reunida em torno de algo que eu tinha criado sem querer.
O trabalho de fazer um vídeo pro Peluso me proporcionou momentos incríveis. Pudemos ir na casa do Plínio de Arruda entrevistá-lo, eu pude ir com amigos do rolê na casa do Galldino d'O Teatro Mágico e pudemos conversar e entrevistar o grande reitor Helio Waldman. Tudo isso graças a interação com a Luana, desde os momentos em que eu quis esfaquear ela até nossos sonhos compartilhados em comum. Definitivamente, a Lisa Simpson do BCH se tornou importante pra mim.
Em relação a Deyse, creio que há muito a desvendar naquele coração ainda. Assim como eu, ela aterrissou por acaso na UFABC. Compartilhamos de muitas das mesmas dores quanto ao BCH. A forma como ela conduziu determinados assuntos mais pessoais me deixou encantado. Talvez a melhor notícia que tive foi a que ela prosseguirá na UFABC esse ano.
Claro que não dá pra falar de tudo e de todas as pessoas que me marcaram nesse meu primeiro ano de universidade. Mas foi uma amostra bem sincera, espero.
Mas de qualquer forma, creio que deixei a universidade sempre em segundo plano em 2010. Tanto quanto aos assuntos acadêmicos, quanto ao lado pessoal. Talvez tenha vendido uma imagem que não fosse a verdadeira.
Já que decidi permanecer na UFABC por mais um ano, então decidi mudar também. Se vou conseguir ou não, aí é outra história. Desejo pôr toda a universidade (e consequentemente as pessoas que estão nela) no lugar que merece em meu tempo e em meu coração.
Espero ainda escrever um texto ao final do ano agradecendo por tudo e a todos. Se fosse fazer isso hoje, não seria sincero. Mas só posso dizer uma coisa:
O show está apenas começando.
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