O dia era 11/11, quinta-feira passada. De manhã, havia conhecido o grande (e idoso) Plinio de Arruda Sampaio. À tarde, tinha que me preparar para a apresentação de Estações, peça do Viva Arte Viva. Estava com uma tosse daquelas. Em todos os ensaios, tossia que nem um condenado. Meu medo era de tossir na hora da peça. Por isso tomei bastante água e meditei.
Ao chegar a hora da apresentação, nos deparamos com algo totalmente inesperado: uma plateia idiota.
Nossa peça era um drama com falas poéticas, complexas e bonitas. Mas os infelizes riam e faziam piada nas cenas.
Até mesmo em um dos momentos mais emocionantes da apresentação, quando uma personagem ex-bailarina levantava-se de sua cadeira de rodas e colocava os pés no chão pra iniciar seu monólogo (representando seu pensamento/sonho), conseguiram zoar. Gritavam 'Milagre!', 'Jesus!'. Aff. ¬¬
Inclusive conseguiram atrapalhar a fala "(...) e agora minhas sapatilhas descansam no lado mais profundo do Lago dos Cisnes." A plateia formada por adolescentes que nunca foram ao teatro faziam 'óóóó', numa tentativa desesperada de chamar a atenção.
E o que me deu mais raiva é pensar que um dia eu era assim, babaca.
Ao final da apresentação, teve até um senhor que queria brigar com um dos vândalos aborrescentes.
O bate-papo, tradicional após as apresentações, foi cancelado pois o clima estava tenso.
A explicação para a tal (e inesperada) plateia estúpida talvez seja o fato de ser uma quinta-feira e uma das meninas da 1ª apresentação (eram 3 apresentações, ao todo) ser "popular" a ponto de atrair sua escola inteira ao teatro depois da aula.
Democraticamente ainda deixaram nós, alunos, nos manifestar. Fiquei com medo, receio de falar, sei lá. Talvez fosse o nervoso. Mas se falasse, sairia algo exatamente assim: 'Uma vez eu ouvi um grande poeta brasileiro, Cazuza, dizer que ele sempre quis ser o garoto que ia mudar o mundo. Peço uma salva de palmas a juventude brasileira, futuro deste país.'
Devia ter falado.
Mas fato é que fiquei muito decepcionado com a juventude nesse dia.
Porém, agora mais do que nunca, estou motivado para dar meu melhor na nossa reapresentação dia 9/12.
Ah, e não tossi nenhuma vez durante a peça. Vai ver a raiva não me deixou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário