Era dia das crianças. Mas não foi nenhuma criança pentelha que me deixou pensativo, mas sim um inocente e indefeso filhote de gato. Se eu fosse uma garota provavelmente diria 'que lindo' 'que fofo', algo do tipo. Mas não tenho vagina, então minha reação foi outra.
Eliezer insistia em dar tapas na cara do gato. Era indiferente àquilo, foda-se o gato. Mas foi aí que o bichano me deu o golpe mais sem defesa que já inventaram: o carinho.
O bichano insistia em confiar em mim, em se esconder por entre minhas mangas da blusa, de se encostar em mim e dormir... dormir com os anjos. E mesmo se eu o afastasse, ele voltava a me ver como seu 'porto-seguro'. Nunca havia me visto e mesmo assim... Não tinha coragem de expulsá-lo, muito menos de deixar que algo ruim acontecesse a ele. Passei a impedir do Eliezer tacar o cobertor em cima do dorminhoco.
Fofuras e viadagens a parte, passei a me questionar se não era isso que faltava aos humanos: confiar no próximo. Ao ser abordado com todo aquele amor sincero e inesperado, não tive tempo de pensar em maldades ou qualquer outra coisa do tipo. Será que isso funcionaria com as pessoas? Infelizmente, acho que não.
odeio gatos ¬¬
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