quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Rondinely e a UFABC #parte IV (parte final?)

Terça-feira, 13 de dezembro de 2011.

Talvez meu último dia de aula na UFABC. Não só do ano, mas o último dia de uma forma geral. Meu último dia acelerando o passo para compensar o atraso (quase que rotineiro) de alguns minutos até o ponto de ônibus antes que o 148 ou o 149 passasse.

Eu tinha prova nesse dia. Não que isso fizesse alguma diferença aquela altura do campeonato. Se era meu último dia, por que se preocupar?
Mas diferente do ano passado, onde usei a última prova do ano para fazer desabafos, dessa vez resolvi seguir o fluxo comum e responder as questões da prova. Mesmo não sabendo nada da matéria por não ter estudado absolutamente nada. Talvez eu só tenha um prazer excêntrico em ser do contra, de só responder uma prova quando não sei a matéria e de não respondê-la quando eu sei (igual ano passado). É o tipo de rebeldia que não faz sentido algum e ao mesmo faz todo o sentido.

Mas a prova era o de menos. Se aquele poderia ser meu último dia ali, era necessário me despedir das pessoas que eu considerava importante na minha vida de uma forma ou de outra. Não um adeus (mesmo que em alguns casos, sim), mas um até breve, um até logo.

Queria me despedir da Luana, que por um acaso do destino passou a me tratar com indiferença, mas ela não tinha aula naquele dia. Não me despedi.

Na minha bolsa estava meu blusão da UFABC. Resolvi deixar ele com a Deyse. O blusão em si não tinha valor algum pra mim e de certa forma eu me sentia meio constrangido ao usá-lo. Sentia-me mal quando as pessoas na rua me viam com ele e ligavam aquela breve imagem da minha pessoa à universidade em que eu estudava. Sem orgulho aquela blusa se tornava um fardo, causava vergonha.
Portanto eu tinha todos os motivos para deixar aquela blusa com alguém que eu escolhesse e que fosse aproveitar e sentir orgulho de usá-la.

Mesmo eu enrolando pra acabar a prova, saí da sala bem antes da Deyse. E bota antes nisso. Tive de esperar mais de meia hora do lado de fora. Estava me atrasando pra meu segundo dia de serviço (como se eu realmente me importasse com essa parte fútil da vida). Mas um dia ela saiu. A abracei e conversamos brevemente sem ninguém por perto que pudesse nos atrapalhar. Dei minha blusa (que agora seria dela) e ela devolveu o meu dvd. Inclusive o guardei na bolsa antes de “emprestar” de novo pra ela. Assim eu teria uma desculpa real para vê-la de novo mais uma vez: pegar meu dvd de volta. Enquanto caminhávamos e conversávamos, interrompi-a e pedi licença para entrar no laboratório de informática para me despedir de outras pessoas. Ela entendeu perfeitamente.

Entrei no laboratório para me despedir de duas pessoas. A primeira era a Flávia. Aproximei-me e ela, com seu jeito sempre sereno e doce, me cumprimentou iniciando uma conversa. Tive de interrompê-la para dizer com a voz trêmula (não sei porquê) que aquele poderia ser meu último dia ali. Imediatamente seu semblante deixou de exalar felicidade. Quando me disse que torcia para que eu continuasse na universidade, eu a respondi que era pouco provável. Ela, sempre doce, entendeu.

A outra pessoa que eu tinha de me despedir era a Jennifer. Mesmo ela não sabendo disso. Mesmo ela estando dormindo.
Me aproximei, dei pequenos chutes em sua cadeira para despertá-la. Ela abriu os olhos. Cheguei perto e dei um beijo de leve em seu rosto. Sem dizer mais nenhuma palavra fui embora.

Com a Jennifer aprendi muito sobre meu próprio lado obscuro, em como eu seria se tivesse seguido por determinados caminhos na minha vida. É irônico, mas é verdade.

Deyse estava me esperando lá fora. Fomos embora até o ponto de ônibus conversando sobre meus planos futuros. Chegamos no ponto, demos um último abraço sincero e me despedi mais uma vez com um beijo de leve no rosto. Ela atravessou a rua e eu fiquei para esperar meu ônibus.

Era o fim daquele dia. Muito provavelmente o meu último dia na UFABC. Mas não tenho certeza. De certeza só tenho que ainda precisar pegar de volta meu dvd.

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