terça-feira, 1 de março de 2011

O anjo mais velho.

Dia 24 de fevereiro de 2011, quinta-feira. Uma amiga minha da faculdade estava mal. Estava triste. E ela, que é sempre tão extrovertida, estava completamente introvertida e afastada do grupo de colegas nossos.
Percebi a tristeza em seus olhos na hora do almoço. Mandei uma sms perguntando o que tinha acontecido. Ela disse que nada. Mas era mentira, tava na cara. Estava nos olhos.
Depois fui saber que ela havia terminado um relacionamento. Não sei se isso era o que estava a incomodando naquele momento, mas deve ter influenciado sim.
Fomos todo o grupo tomar café perto da praça da Matriz. E eu pensando em como poderia ajudar essa amiga. Estava realmente preocupado. Mas estava sem reação, por algum motivo desconhecido. O máximo que consegui fazer foi avisar outra amiga sobre aquilo e pedi-la pra ir puxar qualquer assunto com ela, por mais bobo e simples que fosse. Tudo pra não deixá-la refém de seus próprios pensamentos. Quem já viveu um pouco de depressão sabe que o depressivo gosta de se isolar do mundo pra pensar besteiras.

Na volta, quando passávamos pela praça, algo inusitado (ou nem tão inusitado assim) aconteceu: um bebum veio nos pedir dinheiro. Sei lá, eu, que estava pensando em como distrair minha amiga, vi naquele homem quase que uma solução.
Ele nos pediu dois reais. E eu disse que só daria o dinheiro se ele fizesse algo criativo. Depois de enrolar um pouco, ele cantou Florentina de Jesus. Todos estavam rindo nesse momento, incluindo minha amiga triste. Então, nem liguei em dar sozinho os dois reais. Até porque eu tinha, entre tantas notas maiores e moedas minúsculas, exatamente uma nota de dois reais.
Mas depois do showzinho particular, esse tal homem (que não chamarei mais de bebum) decidiu falar com minha amiga que estava triste. Disse que ela era muito bonita, que tinha um sorriso maravilhoso. Perguntou se ela namorava (ela respondeu que não..), disse que ela poderia ter quem quisesse graças àquele sorriso. E eu ali, observando a tudo, com os olhos estatelados. O homem praticamente se tornou meu alter-ego naquele momento e disse tudo que eu queria dizer para ela.
Seria audácia minha dizer que ele era um anjo? Um anjo escrito por linhas tortas (até mesmo porque ele foi tomar uma pinga depois..).
Depois de dizer que se tivesse 18 anos, 'investiria' nela (o homem tinha por volta de 36 anos, acho), ele partiu. Minha amiga já estava melhor, com certeza.
Enquanto eu estava com os olhos úmidos por toda aquela situação, meus outros colegas só queriam ir embora, por nojo, sei lá.
Talvez eu tenha visto coisas demais nessa situação. Talvez eu seja só um louco. Mas enfim, eu gosto de ser assim.

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